Brasil muda postura comercial e deve exportar mais nos próximos dez anos

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                                Importações recuaram 24,8% em julho, enquanto as exportações tiveram queda menor, de 19,5%



São Paulo - O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) está mudando sua postura comercial em relação às regras rígidas do Mercosul e o Brasil poderá elevar suas exportações nos próximos dez anos por meio de novos acordos bilaterais.

Na avaliação do presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e de Mercado de Consumo (Ibevar), Claudio Felisoni de Angelo a retomada da nossa capacidade exportadora ainda será lenta, mas a concretização de acordos como o celebrado com os Estados Unidos é positiva. "Nós perdemos muito tempo discutindo [o Mercosul] com a Venezuela e a Argentina", argumentou.

Em análise semelhante, o economista e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Agostinho Celso Pascalicchio, diz que o Brasil terá que ser inovador para sair da atual crise econômica. "A alternativa de aproximar de países relevantes na economia global como os Estados Unidos é importante. O aumento das exportações pode ser um dos canais de crescimento para superar a recessão", afirma o economista.

De fato em junho último, o acordo assinado entre a presidente da República, Dilma Rousseff, e o presidente americano Barack Obama prevê que a corrente de comércio entre os dois países poderá dobrar nos próximos dez anos. No ano passado, esse intercâmbio comercial somou US$ 62 bilhões. Ou seja, a expectativa é de uma corrente de negócios de mais de US$ 120 bilhões em 2025.

Hoje os Estados Unidos é o segundo parceiro comercial do Brasil, após a China, que atravessa atualmente um processo de desaceleração de seu crescimento. "Precisamos traçar uma política de médio e de longo prazo no comércio exterior com outros parceiros. O relacionamento Brasil e China vai continuar bem, mesmo com essa questão das Bolsas chinesas [queda do valor das ações em Xangai e Hong Kong], por enquanto não há nenhuma mudança significativa no comércio com eles", disse o professor Pascalicchio.

Balança no azul

A balança comercial fechou com saldo positivo de US$ 2,379 bilhões em julho, o melhor resultado para igual mês desde 2012, conforme dados do MDIC divulgados ontem. O volume no azul é resultado da diferença entre US$ 18,526 bilhões em exportações menos o montante US$ 16,147 bilhões em importações.

Em sete meses de 2015, a balança comercial acumula superávit de US$ 4,6 bilhões. "Nossa expectativa é que a balança comercial termine o ano de 2015 com um superávit de US$ 10 bilhões", diz o diretor de pesquisas econômicas da GO Associados, Fabio Silveira. A previsão do ministro do MDIC, Armando Monteiro, é de um superávit entre US$ 8 bilhões e US$ 10 bilhões.

Na visão de Silveira, o ciclo de baixa dos preços das commodities foi forte. "O que tinha que baixar, já baixou, mas continua sendo uma preocupação", afirma o diretor da GO.

Ele explicou que o saldo positivo da balança se deu mais pela queda das importações, do que pela alta das exportações. "A melhora na oferta de derivados de petróleo reduziu a necessidade de importação. Houve uma melhora adicional nessa conta [petróleo] com a redução do nosso déficit em combustíveis", diz.

Segundo seu estudo sobre o comércio internacional, a estagnação das exportações brasileiras em 2015 acontece apesar da desvalorização cambial e da melhora da economia nos Estados Unidos. "Isso acontece por causa da queda dos preços internacionais das commodities e da competitividade restrita dos produtos brasileiros".

Ele vê uma retomada da economia brasileira num horizonte de um a dois anos. "A esperança da retomada da atividade econômica repousa no setor externo", aponta.

Pascolicchio diz que o mercado brasileiro passa por uma transformação. "Se observamos a agroindústria já notaremos uma coisa curiosa no meio de toda essa crise [doméstica], o desemprego está menor nesse segmento e está relacionado a uma atividade muito intensa", afirma. "Houve uma melhora da exportação de carnes para a Rússia, e exportamos até para a Argentina [antes um país exportador]".

Já o professor Felisoni de Angelo, do Ibevar, diz que a balança comercial ficou favorável, mas alerta que ainda há muitas incertezas em relação a economia. "Se o dólar for a R$ 4 é estimulante para exportações, mas pode afetar nossa capacidade em investimentos. 2016 vai depender do nosso grau de confiança aos olhos dos investidores", alertou.



Veículo: Jornal DCI




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