Governador não acenou com reformas estruturais para compensar aumento de alíquotas de ICMS.
Foi em clima distendido a conversa de quase duas horas, na manhã de quarta-feira, entre o governador José Ivo Sartori e quatro dirigentes de entidades empresariais do Estado – FCDL, Fecomércio, Federasul e Fiergs. Sartori não fez consultas: só avisou que enviaria nesta quinta-feira à Assembleia o projeto que eleva alíquotas do ICMS, mesmo sabendo da reprovação dos interlocutores.
Sartori diz a empresários que enviará projeto de aumento de ICMS à Assembleia nesta quinta-feira
A tentativa de contra-argumentar foi o que estendeu o encontro. Sartori, segundo um dos participantes, mesmo sem tergiversar, "deu a notícia ruim aos poucos". Ouviu de todos que a expectativa de arrecadar R$ 2,5 bilhões extras – 25% para os municípios – pode não se cumprir.
Com maior peso dos impostos no orçamento, os consumidores gaúchos terão de comprar menos. É isso que preocupa os empresários, que reiteram: não são eles que vão pagar o aumento. Em bom português: a elevação das alíquotas vai desembarcar nos preços. O efeito sobre energia, combustíveis e telefonia será o mais drástico – com novo choque nas contas de luz.
Apesar de o presidente da Fiergs, Heitor José Müller, ter deixado clara, nos últimos dias, a disposição de reavaliar a reprovação à medida caso o governo do Estado enviasse reformas estruturais mais abrangentes, Sartori só confirmou o envio da Lei de Responsabilidade Fiscal estadual.
Na visão dos empresários, pouco para compensar o tarifaço. Deixaram a reunião com a disposição de fazer oposição ativa, mas não agressiva. O que significa? Não irão para a frente do Piratini com carros de som – até porque a concorrência é grande –, mas procurarão deputados para tentar evitar a aprovação do projeto.
– Ponderamos que seria um desgaste político enorme, com pouco efeito para resolver a situação, mas o governador reiterou que não está preocupado com desgaste – relatou Ricardo Russowsky, presidente da Federasul.
– O risco é tentar curar uma ferida e abrir outra maior – observou Vitor Koch, presidente da FCDL.
– Planejamos reforçar contatos com deputados e a atuação em redes sociais, com o objetivo de mostrar os efeitos nocivos de uma carga tributária cada vez mais elevada – avisou Luiz Carlos Bohn, presidente da Fecomércio.
Müller saiu da reunião e embarcou para Brasília, onde almoça hoje com a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e outros empresários brasileiros.
À tarde, Sartori fez nova rodada com Sindilojas, Associação Gaúcha para o Desenvolvimento do Varejo (AGV) e CDL Porto Alegre. O tom não mudou. (Marta Sfredo)
Veículo: Jornal Zero Hora - RS