A recente acomodação do câmbio vai sustentar a desaceleração da inflação medida pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), afirmou o economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) André Braz.
"O repasse do câmbio chegou aos bens finais e nas matérias-primas não estão se formando novos pontos de pressão, o que sugere que o IGP-M venha mais baixo em dezembro", afirmou, ressaltando que o índice deve acumular alta menor que 1,00% no último mês do ano. "Mesmo que ocorra algum choque cambial nas próximas semanas, isso vai demorar a se traduzir em aumento de preços."
Ainda assim, o pesquisador acredita que o indicador deve registrar dois dígitos no acumulado do ano, o que não ocorria desde 2003. Em novembro, o índice ficou em 1,52%. Em 12 meses, o IGP-M acumula 10,69%.
Dentre os produtos que mais subiram, o pesquisador destacou a aceleração dos preços batata inglesa (+54,36%), do tomate (+26,55%) e dos ovos (+5,96%).
"Por trás da volatilidade dos preços desses produtos há uma pressão forte de custos, como frete e energia, que impossibilitam que a sazonalidade compense a alta dos preços", disse.
Próximo ano
O pesquisador não fez projeções para 2016, mas disse acreditar que os preços da energia elétrica devem ser a principal causa de volatilidade da inflação. "Há fatores favoráveis, como o aumento das chuvas e a possibilidade dos leilões de energia baixarem os preços, mas o setor elétrico pode repassar outros custos para o consumidor", disse. "
Braz acredita que a inflação de serviços deve começar a desacelerar no início de 2016. "Ainda que o desemprego esteja aumentando, as pessoas têm renda disponível por causa de seguro-desemprego e rescisões, mantendo o nível de demanda. No começo de 2016, esse cenário deve se dissipar", disse.
Veículo: Jornal DCI