Mesmo com economia complicada, mercado se mantém confiante em investimentos no Brasil

Leia em 3min 30s

Incerto e complexo. Esta é a cara do cenário econômico brasileiro, que deve apresentar queda do Produto Interno Bruto (PIB), redução no grau de investimento concedido por agências de rating internacionais e taxa de juros ao maior valor em nove anos. Mesmo com toda esta incerteza, companhias ainda estão interessadas no mercado interno. A constatação foi feita através do estudo “Pesquisa de Integração – Entendendo os desafios locais para maximizar o retorno de investimento em M&A”, realizado pelo Deloitte (Brasília/DF).

Segundo a pesquisa, 63% dos entrevistados afirmaram que irão manter ou até mesmo elevar o nível de investimento em fusões ou aquisições no Brasil nos próximos dois anos. A pesquisa contou com a participação de 87 empresas que estiveram envolvidas em transações estratégicas no Brasil nos últimos três anos, para entender melhores práticas, desafios e tendências locais em Fusões & Aquisições.

A maioria das empresas (77%) destaca como “bem sucedida” a integração pós-fusão ou aquisição pela qual passaram nos últimos anos – apenas 18% afirmam ter passado por uma integração aquém da expectativa de sucesso e 5% não opinam sobre o tema. Entre os entrevistados, 69% afirma ter elaborado e executado um plano formal de integração, contra 31% que não dispuseram dessa estratégia. A pesquisa apontou que o primeiro grupo teve uma grande vantagem sobre o segundo.

Sem os cuidados necessários, o processo de fusão entre empresas pode levar mais tempo, esforços e recursos do que o esperado. Consequentemente, fica mais dificulta a captura de valor do investimento em uma operação de fusão & aquisição. De acordo com a pesquisa, apenas 27% das transações brasileiras capturam as sinergias planejadas em menos de um ano – já para empresas americanas, esse índice alcança 74%.

“A chance de sucesso em uma operação de fusão ou aquisição será maior se as empresas envolvidas estiverem preparadas para lidar com obrigações legais e regulatórias, complexidade fiscal e planejamento abrangente da integração”, destaca a sócia especialista da Deloitte em integrações e separações de empresas, Renata Muramoto.

Para alcançar o sucesso da integração entre empresas. Para atingir sucesso na transação, especialistas da Deloitte indicam quais pontos exigem atenção, evitando prejuízos para os investidores:

- Obrigações Legais e Regulatórias: A incerteza, os possíveis atrasos e a necessidade de sincronizar as aprovações em diferentes Estados para concluir uma transação são desafios que precisam ser trabalhados de perto pelas equipes de integração e jurídica das empresas envolvidas. Os compradores devem entender desde cedo as regras que a empresa adquirida deve obedecer, uma vez que equívocos nesse processo podem corroer rapidamente o valor do negócio e a continuidade das operações.
- Complexidade fiscal: Sem um processo de due diligence apropriado, o comprador pode acabar se responsabilizando por obrigações fiscais pendentes da empresa comprada. Durante a transação, sem uma clara estratégia tributária, a integração pode desencadear altos custos relacionados a obrigações fiscais, o que pode afetar diretamente a captura de sinergias e a habilidade de uma integração que garanta os benefícios operacionais esperados da aquisição.
- Planejamento abrangente da Integração: A área que é negligenciada com mais frequência e na qual as empresas têm maior dificuldade quando conduzem uma transação de fusão & aquisição no Brasil é a de falta de planejamento para lidar com as complexidades da integração. Integrações costumam levar mais tempo, esforços e recursos do que o esperado, o que dificulta o caminho das empresas em capturar as projeções iniciais de retorno do investimento no prazo planejado.

Além desses aspectos, a maioria dos entrevistados, 74%, considera o alinhamento cultural entre as duas empresas um fator muito importante para o êxito da integração – processo que pode ser construído por meio de pesquisas sobre a cultura da empresa adquirida ou mesmo por conversas informais entre compradores e profissionais.

Para Muramoto, mesmo diante de um ambiente econômico complexo, novas oportunidades continuarão emergindo. Embora compradores estejam mais sofisticados na execução de suas transações de fusão & aquisição, a especialista esclarece que muito trabalho ainda precisa ser realizado para capturar o valor total dessas operações. “Nenhuma transação é perfeita, mas todas têm a oportunidade de se tornarem bem-sucedidas se combinarmos as lições aprendidas a um propósito claro e uma equipe com experiência e dedicação”, finaliza.

 



Veículo: Site Feed & Food


Veja também

Banco Central atua sem temer impactos, afirma presidente

O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse ontem que a autoridade monetária "não limitar...

Veja mais
Juros do cartão de crédito atingem 378,76% ao ano em novembro

    Veículo: Jornal Diário do Grande ABC...

Veja mais
Brasil virou um "mar" de oportunidades na crise

                    ...

Veja mais
Crise política interfere na economia, mas inflação deve se reverter, diz Costa

Para o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), a indefinição política tem trazido impact...

Veja mais
Juros fecham em baixa com aumento da aposta em impeachment e alívio no câmbio

                  Ao término da sessão regular da BM&...

Veja mais
Dívida torna o setor privado mais vulnerável

O Brasil ocupa o primeiro lugar, entre sete países emergentes, no ranking de vulnerabilidade elaborado pela ag&ec...

Veja mais
Alta da inflação eleva pressão sobre BC

    Veículo: Jornal O Estado de S. Paulo...

Veja mais
Inflação volta aos dois dígitos pela 1ª vez em 12 anos

      Veículo: Jornal O Estado de S. Paulo...

Veja mais
Após a crise, consumo no País crescerá R$ 813 bilhões até 2024

Após um ano difícil para o varejo brasileiro, uma luz no fim do túnel pode ajudar a atravessar a re...

Veja mais