Classe C passa por encolhimento

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                                                Retracão econômica do País provoca uma migração para faixas de renda menores.

A chamada “nova classe média” brasileira, que vivia um momento de expansão, entrou para a lista das vítimas da crise econômica em 2015 e agora vê boa parcela de seus integrantes fazer o caminho de volta para as camadas mais baixas. A grande responsável pelo processo de migração é, mais uma vez, a alta taxa de desemprego. Para este ano, a perspectiva também não é das melhores e esse retorno deve continuar.
 
Estudo divulgado pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depec) do Banco Bradesco mostrou que, entre janeiro e novembro de 2015, caiu de 56,6% para 54,6% o número de brasileiros da classe C, cuja renda mensal familiar varia de R$ 1.646 a R$ 6.585. Ou seja, 3,7 milhões de pessoas deixaram de fazer parte dessa faixa, considerada a mais prejudicada pela retração da economia nacional no ano passado. Na classe A, a redução foi de 5,1% para 4,5%, enquanto na B, a queda foi de 6,8% para 5,9%.
 
O crescente aumento da taxa de desemprego, segundo a pesquisadora do banco, Ana Maria Bonomi Barufi, tem sido o principal responsável pela migração das classes A, B e C para as classes sociais mais baixas. Logo, o cenário que se espera para 2016 é pessimista. A projeção da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indica que o desemprego deve ultrapassar 10% no primeiro trimestre deste ano, o que deve refletir diretamente no processo.
 
“O que mapeamos com as estimativas indica que o mercado de trabalho está sendo um forte direcionador do movimento de piora da renda das famílias. Por enquanto, vemos 2016 como um ano bastante complicado, pois os indicadores apontam subida da taxa de desemprego. Para 2017, a expectativa é que a economia comece a se recuperar, de modo que essa migração poderá ser revertida”, explica Ana Maria Barufi.
 
A redução do salário real - muito em função da inflação -, observada nos últimos meses, também foi outro elemento citado pela pesquisadora para o processo. De acordo com dados do IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou, em 2015, alta de 10,67%. Em 2016, a previsão do Banco Central (BC) é de que o IPCA fique em 6,87%.
 
“Além do aumento do desemprego, a queda dos salários em termos reais também afeta o poder de consumo das famílias. A princípio, outros elementos como o salário mínimo e programas de transferência dependem de decisões políticas, e ainda não foram alterados de maneira relevante”, conclui a pesquisadora.
 
Para o diretor de Economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) Andrew Storffer, o resultado da pesquisa só vem confirmar um processo que já vinha sendo observado desde o fim de 2014 e deve se acentuar neste ano.

Retrocesso - “Os levantamentos realizados por várias instituições têm mostrado que os fatores que fizeram a população evoluir da classe D para a C agora ocorrem em movimento contrário. A tendência, acredito, é de piorar. A inflação vai continuar alta neste ano, e, por outro lado, temos um crescimento de PIB negativo previsto para 3% e uma inflação em torno de 7% para 2016. Um quadro pessimista já chegou ao setor de serviços, que até então tinha sido pouco afetado”, alerta.
 
O estudo, que se baseia nas informações da Pnad e da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE, estima ainda que 6,3 milhões de pessoas deixaram as classes A, B e C, uma redução de 3,4% no total da população analisada. O número seria resultado do aumento do desemprego desde meados de 2014, que foi maior entre as classes E, D e C, respectivamente.

 



Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG


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