Banco Central vê inflação no centro da meta em 2017

Leia em 3min 10s

Copom afirma, no entanto, que é cedo para falar em cortes nos juros

 
-BRASÍLIA E RIO- O Banco Central (BC) informou ontem que a previsão para a inflação em 2017, enfim, chegou à meta. Nas contas da autarquia, a projeção para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) alcançou o objetivo de 4,5%. Contudo, a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, reafirma que ainda é cedo para começar a cortar os juros. Hoje, a Selic está em 14,25% ao ano, porque a inflação ainda está num patamar alto (9,32%).


Os exercícios feitos pelos técnicos do BC mostram que, se a Selic fosse mantida no patamar atual, e o dólar continuasse na casa dos R$ 3,60, a inflação para este ano aumentaria, mas — no fim de 2017 — a taxa chegaria, exatamente, à meta.
 
Entre os motivos de a inflação estar elevada e resistente, o Copom incluiu “choques temporários de alimentos” e incertezas em relação às perspectivas para a economia americana.
 
Mais uma vez, o Copom culpou a indefinição fiscal pela desancoragem da inflação de 2016 e reafirmou que esse é o maior risco para o controle de preços. No entanto, mudou o que disse sobre a política fiscal na ata de abril. O comitê retirou o trecho que diz que a situação das contas públicas “contribui para acentuar a percepção negativa sobre o ambiente macro econômico, além de impactar negativamente as expectativas de inflação”.
 
O Copom reitera que o cenário central para a inflação leva em conta a materialização das trajetórias recentemente anunciadas para as variáveis fiscais. Ou seja, o rombo de R$ 170 bilhões para 2016 e a promessa de transparência, pagamento de pedaladas e o compromisso de não alterar a meta fiscal.
 
De acordo com os economistas, entretanto, a recessão econômica, a alta do desemprego e a queda do consumo tendem a frear os preços daqui para frente. A troca de comando do BC reforça essa expectativa. O novo presidente, Ilan Goldfajn, defende a volta do tripé econômico: inflação controlada, política fiscal austera e câmbio flutuante.
 
“Dada a profundidade incomum, amplitude e duração da contração econômica, e o fato de que as condições financeiras globais são bastante restritivas, a inflação começa a ser controlada. Esperamos que o Banco Central flexibilize os juros antes do fim do ano em curso”, ressaltou o economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos.
 
Dois indicadores divulgados ontem mostraram mais sinais de que o ritmo de queda da economia brasileira começa a desacelerar. Após 15 meses, o Índice de Atividade Econômica da do Banco Central (IBC-Br) registrou a primeira taxa positiva: 0,03% na passagem de março para abril, descontando os efeitos sazonais. A última taxa positiva no IBC-Br tinha sido em dezembro de 2014. No acumulado em 12 meses, a atividade caiu 5,41%.
 
ALÍVIO NA ATIVIDADE ECONÔMICA
 
Já o Monitor do PIB-FGV, indicador que usa a mesma metodologia do Produto Interno Bruto (PIB) do IBGE, apontou recuo de 0,86% no trimestre encerrado em abril, em relação ao trimestre anterior, no menor ritmo de queda em quatro trimestres seguidos. A taxa mensal do PIB caiu 1,1% em abril, frente a março. Em relação a igual período de 2015, a perda foi de 4,6%, a menor taxa em três meses. De acordo com o coordenador do Monitor do PIB-FGV, Claudio Considera, os resultados, apesar de negativos, “podem estar apontando para reversão no declínio na atividade econômica”.
 
— É cedo para interpretar como mudança de rumo, mas, sem dúvida, é uma notícia positiva que o IBC-Br mostre uma estabilidade na margem — diz a economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Zara.
 
Veículo: Jornal O Globo


Veja também

Faturamento do e-commerce encolheu 7,4% no 1º trimestre

São Paulo - Um dos setores mais resilientes à crise, o comércio eletrônico começou a s...

Veja mais
Vendas do varejo na região de Araraquara aumentam 5,8% em março, aponta FecomercioSP

Em março, o comércio varejista na região de Araraquara registrou faturamento real de R$ 1,3 bilh&at...

Veja mais
Índice Geral de Preços avança 1,42% em junho, segundo FGV

O Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) registrou avanço de 1,42% em junho, após subir 0,60% ...

Veja mais
Receita de comércio varejista cai 6,1% em maio, aponta pesquisa da Cielo

A receita de vendas do comércio varejista encolheu 6,1% em maio na comparação com o mesmo per&iacut...

Veja mais
Intenção de consumo recua 1,7% em junho e atinge nova mínima histórica

Estudo mostra que todos os componentes da pesquisa estão abaixo da zona de indiferença A Intenç&at...

Veja mais
Varejo paulista atingiu R$ 46,2 bi em receita real

Após o resultado positivo visto em fevereiro, o comércio varejista do Estado de São Paulo voltou a ...

Veja mais
Dólar opera em alta, de olho em exterior

Na véspera, moeda norte-americana caiu 0,39%, a R$ 3,4665 na venda.No mês de junho, o dólar acumula ...

Veja mais
Monitor do PIB aponta queda de 4,6% no trimestre até abril, diz FGV

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encolheu 4,6% no trimestre até abril de 2016 em relação a ...

Veja mais
Quilo do feijão supera R$10

  Veículo: Jornal Tribuna de Santos    ...

Veja mais