Brasília - O Relatório de Mercado Focus divulgado ontem pelo Banco Central (BC) segue insensível em relação à projeção da instituição para o IPCA do ano que vem, pelo cenário de referência, que pela primeira vez ficou em 4,5%. A mediana das previsões para o indicador de 2017 permaneceu em 5,5% pela sexta semana consecutiva. Já para a inflação deste ano, a trajetória de alta das estimativas foi mantida pela sexta vez consecutiva, ao passar de 7,25% para 7,29%.
Essa rigidez das previsões para o ano que vem traz inquietações dentro do Comitê de Política Monetária (Copom), pelo que a Agência Estado, há cerca de 15 dias. A avaliação é a de que, sem um sinal do setor privado de que há espaço para diminuição dessa taxa, fica mais difícil para o colegiado baixar a taxa básica de juros Selic, atualmente em 14,25% ao ano. Hoje, o presidente da instituição, Ilan Goldfajn, concederá sua primeira entrevista coletiva desde que assumiu a função.
Na ata do Copom, os diretores da instituição enfatizaram que há um “choque temporário” dos preços dos alimentos, mas que já há algum sinal de redução da pressão do setor de serviços, o mais resiliente até então. Quatro semanas atrás, a pesquisa trazia uma taxa de 7,06% para o IPCA deste ano.
Entre as instituições que mais se aproximam do resultado efetivo do índice no médio prazo, denominadas Top 5, as medianas das projeções para este ano avançaram de 7,15% para 7,29%. Para 2017 permaneceram em 5,30%. Quatro semanas atrás, as expectativas eram de, respectivamente, 7,16% e 5,50%.
Já a inflação suavizada 12 meses à frente, que apresentou alta novamente, passando de 5,93% para 5,98% de uma semana para outra - há um mês, estava em 5,96%. As estimativas do mercado para os índices mensais também avançaram: as de junho subiram de 0,35% para 0,39% (quatro semanas antes estavam em 0,31%). Para julho, avançou de 0,33% para 0,40% - um mês antes estava em 0,25%.
Juros - Na véspera da divulgação do RTI pelo BC, o Relatório de Mercado Focus trouxe um aumento das previsões para a taxa básica de juros Selic de 2016, mas recuo para a taxa no ano que vem. A mudança se dá depois de a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) trazer pela primeira vez a sua projeção para IPCA de 2017 no centro da meta.
No documento divulgado ontem, a mediana das expectativas para a taxa básica de juros de 2016 passou de 13% ao ano na semana passada para 13,25% aa agora. Um mês atrás estava em 12,88% ao ano. Atualmente, a taxa está em 14,25% ao ano.
Para o encerramento de 2017, porém, as estimativas para a Selic saíram de 11,25% ao ano para 11,00%. Quatro levantamentos atrás, estavam em 11,25% aa.
Nas estimativas do grupo dos analistas consultados que mais acertam as projeções, o chamado Top 5 da pesquisa Focus (médio prazo), houve manutenção para a taxa no fim deste ano, em 13,75% aa como já era apontado na semana passada - um mês atrás estava em 13,50%. Para 2017, a mediana também continuou em 11,25% aa, conforme a edição anterior do boletim Focus - um mês antes, estava em 12,00% aa.
PIB - As previsões das instituições privadas para a atividade doméstica mostraram tendências discrepantes no relatório divulgado ontem. Para o Produto Interno Bruto (PIB), houve estabilidade das estimativas para 2016 e 2017. No caso da produção industrial, entretanto, foi verificada piora das projeções para este ano e melhora para o próximo.
Conforme o levantamento, o PIB de 2016 será de -3,44%, a mesma variação projetada uma semana antes. Um mês atrás estava em -3,81%. Para 2017, a mediana das previsões do mercado ficou estacionada em crescimento de 1,00% de um levantamento para o outro. Quatro semanas atrás, a pesquisa apontava alta de 0,55%.
A estimativa para a produção industrial deste ano, por sua vez, saiu de queda de 5,85% para recuo de 5,89% - um mês atrás, estava em -6,00%. Para 2017, no entanto, a previsão ainda continua no terreno positivo (0,80%) e mais robusta do que no levantamento passado (0,67%). Quatro semanas atrás estava em +0,90%.
Veículo: Diário do Comércio de Minas