BC se divide entre inflação e exportações

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O Banco Central está com um enorme dilema nas mãos: deixar o dólar flutuar e, ao mesmo tempo, levar a inflação para o centro da meta, de 4,5%, até o fim de 2017, como vem prometendo. Com a moeda norte-americana na casa de R$ 3,30, a missão de reduzir o custo de vida pode ser mais fácil, mas o risco de o país prejudicar uma das poucas áreas que vêm dando sinais de recuperação, as exportações, aumenta, o que poderá resultar em mais desemprego.
 
“O BC precisa definir o que é prioritário em relação ao câmbio: combater a inflação, que significaria uma valorização do real ante o dólar, ou manter uma cotação que favoreça as vendas externas”, disse Otto Nogami, professor de Finanças da escola de negócios Insper. “Acredito que a instituição prefere manter o processo de recuperação das exportações e buscar outros mecanismos para o combate à inflação. Logo, deve demorar um pouco mais para cortar as taxas de juros”, afirmou. Pelas contas do professor, o patamar ideal para o dólar, hoje, é de R$ 3,53.
 
Ontem, o BC realizou a sexta intervenção no mercado de câmbio desde a posse de Ilan Goldfajn na presidência da instituição. Cada uma somou US$ 500 milhões. Hoje, repetirá a operação, a fim de ratificar os sinais de que está atento a movimentos atípicos. O dólar encerrou a segunda-feira cotado R$ 3,310, com alta de 0,47%. A Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) subiu 1,54%, para os 53.960 pontos, acompanhando os mercados internacionais.
 
Segundo o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, o mercado ainda está se adaptando e interpretando que R$ 3,30 é o piso fixado pelo BC. “A autoridade monetária tem que colocar a inflação na meta, mas precisa agradar gregos e troianos. Para que as exportações brasileiras tenham competitividade e o exportador consiga ter lucro, o ideal seria um patamar de R$ 3,50 para a moeda norte-americana”, destacou.
 
Na opinião de André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, a atual queda do dólar é pontual e, até o fim do ano, voltará a R$ 3,80. “Hoje, infelizmente, o Brasil está na contramão do mundo, uma vez que todos os países estão desvalorizando suas divisas para tornar seus produtos mais competitivos”, frisou. “O ideal é que o BC não deixe o dólar cair tanto para que possamos continuar com o forte ajuste nas contas externas”, ressaltou.
 
Para Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos, o dólar permanecerá próximo de R$ 3,30 até o fim do ano e o BC não reduzirá, de forma rápida, a taxa básica de juros (Selic). “Se o Banco Central quiser fazer com que a inflação chegue em 4,5% até o ano que vem, a Selic permanecerá em 14,25% até dezembro de 2017”, avisou. “O câmbio atual é bom para a classe média, mas é ruim para as exportações.
 
No entender do economista Bruno Lavieri, sócio da 4E Consultoria, o BC está, aos poucos, sinalizando que não está defendendo um patamar para o dólar e aproveitando para reverter o estoque de swap cambial, que passa de US$ 60 bilhões. Ele lembrou que os juros no país estão entre os mais altos e acabam atraindo um fluxo maior de capitais, o que empurra os preços da divisa dos Estados Unidos para níveis preocupantes para as exportações.
 
 
Veículo: Correio Brasiliense


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