Inflação desacelera em BH e chega a 0,10% em junho

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Redução de preços de alguns produtos contribuiu para o resultado


A inflação continua subindo em Belo Horizonte, mas, ao contrário da forte alta registrada em junho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou em julho e encerrou o mês em 0,10%. Segundo levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), divulgada ontem, a redução nos preços de alguns produtos não-alimentares - como gastos com veículos e serviços de cabeleireiro - e de alimentos in natura contribuiu para segurar o ímpeto de crescimento do indicador. Em junho, o percentual havia sido de 0,83%, um dos maiores nos últimos vinte anos para o período.

No acumulado do ano, o IPCA da Capital atingiu o patamar de 6,59% e ultrapassou o teto da meta estipulada pelo governo para 2016 (6,5%), conforme esperado. Nos últimos 12 meses, a inflação, no entanto, apresentou uma ligeira queda, mas ainda permaneceu em dois dígitos: 10,86%. Os produtos/serviços que tiveram maior influência para a perda de força do indicador em julho foram conserto de automóvel (-12,88%), seguro voluntário (-5,34%), cabeleireiro (-6,11%), batata-inglesa (-22,58%) e mamão (-48,44%). A batata, aliás, mudou de lado, pois em junho figurava no “time” dos vilões.

Coordenadora de pesquisa e desenvolvimento da Fundação Ipead, Thaize Vieira Martins Moreira explica que a desaceleração do índice em julho já era prevista, mas demonstrou preocupação quanto ao percentual registrado para o período de janeiro a julho. “Os preços continuam em alta, mas agora em ritmo menor. Esse comportamento (de perda de força do IPCA) já era esperado para esta época do ano, o que continua preocupante é que a inflação no acumulado de 2016 já ultrapassou o teto da meta estabelecido pelo governo. Portanto, este vai ser um ano de inflação alta como foi 2015”, avalia a especialista.

Mesmo com a leve “trégua”, o consumidor belo-horizontino tem sentido de perto e no bolso o peso da pressão inflacionária. Em julho, a cesta básica voltou a subir (+3,79%) frente a junho e passou a ser equivalente a 48,54% do salário mínimo, ou seja, R$ 427,16. Nos últimos 12 meses, enquanto o salário-mínimo (R$ 880) teve reajuste de 11,68%, os gastos de um trabalhador adulto com a alimentação aumentaram 20,59%, quase o dobro.

Para Thaize Moreira, os números só reforçam uma situação com a qual os brasileiros, de modo geral, vêm lidando há mais tempo em função da inflação elevada: a de queda no poder de compra. E se já não é mais possível manter o padrão de vida anterior, a coordenadora da Fundação Ipead indica que o melhor caminho é abandonar a fidelidade às marcas.

“Nossos consumidores estão perdendo o poder de compra, e isso eles percebem de maneira bem mais clara no dia a dia. Então, fica sempre a sugestão de substituir os produtos, sem priorizar marcas, para que o consumidor tente diminuir o seu custo e não precise ficar sem o item”, orienta.

Em julho, os alimentos da cesta básica que apresentaram maior variação foram o feijão carioquinha (+27,81%), o tomate Santa Cruz (+19,67%) e a banana-caturra (+14,75%). No acumulado do ano, o feijão também é o que mais assusta, com uma variação positiva de 122,13%.

Diante desse cenário, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) de Belo Horizonte continua no patamar de pessimismo, gerado principalmente pela piora na percepção da inflação, do emprego e da situação econômica do País. Em julho, apesar da elevação de 0,99% frente ao mês anterior, o indicador se manteve praticamente estável, saindo de 31,37 pontos em junho para 31,68 pontos. O ICC varia de 0 a 100, com a linha divisória entre pessimismo e otimismo situada nos 50 pontos. Quanto mais próximo do zero, maior a descrença, e quanto mais perto dos 100 pontos, maior a confiança.

A Fundação Ipead também mediu, em pesquisa inédita, a intenção de compras dos belo-horizontinos para o Dia dos Pais. A maior parte dos moradores da Capital (57,14%) afirmou que não irá presentear o pai ou alguma pessoa próxima na data. Entre os que pretendem fazê-lo, 38,89% informaram que vão gastar um valor entre R$ 101,00 e R$ 150,00 com o presente. Do total de consumidores que vão comprar algo para o pai, 76,67% também disseram que vão despender valor igual ou inferior ao gasto em 2015.

Veículo: Jornal Diário do Comércio de Minas


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