Nas regiões Norte e Nordeste a força dos norte-americanos é maior, mas Centro-Oeste, Sudeste e Sul também colocam o país no topo dos rankings; os argentinos aparecem na segunda colocação
São Paulo - Os Estados Unidos estão na primeira colocação entre os maiores importadores de produtos industriais brasileiros. E, segundo pesquisa, seguem no topo dos países para os quais as companhias nacionais querem vender mais.
Outro ranking que tem os norte-americanos como lideres é o dos alvos mais atraentes para o estabelecimento de novos acordos comerciais. As conclusões são do levantamento "Desafios à Competitividade das Exportações Brasileiras", a ser divulgado hoje pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
"Se trata do maior mercado consumidor do mundo, de um país que tem muito pouca burocracia e que aceita muito bem os produtos feitos no Brasil", justificou Carlos Eduardo Abijaodi, diretor de desenvolvimento industrial da CNI.
A vontade de exportar para os Estados Unidos foi registrada principalmente no Norte e Nordeste, onde 34,3% e 23,6% de 847 empresas consultadas demonstraram essa preferência. Sudeste (20,1%), Sul (19,6%) e Centro-Oeste (16,7%) também colocaram os norte-americanos como primeira opção.
Na segunda colocação, a Argentina foi escolhida por 11,6% dos entrevistados em todo o País, enquanto os EUA chegaram a 20,5%. O parceiro do Brasil no Mercosul é uma escolha importante, especialmente para companhias de pequeno porte, disse Abijaodi.
"Temos um número maior de empresas menores exportando e, para elas, a proximidade geográfica e a semelhança do idioma facilitam esse processo", afirmou.
Chile (7,1%), China (6%), México (4,9%), Colômbia (3,9%) e Paraguai (3,7%) completaram a tabela com os principais países para os quais as empresas brasileiras gostariam de exportar.
Importadores e acordos
No caso da lista com os maiores importadores de produtos industriais, além dos Estados Unidos, a Argentina também aparece na ponta superior. Ao responder a pesquisa, 16,2% das empresas indicaram que mantêm relações comerciais com os norte-americanos. Os argentinos foram apontados por 12,4%.
Mais uma vez, os EUA receberam maior ênfase nas regiões Norte (36,4%), Nordeste (21,5%) e Sudeste (17,2%). O Paraguai apareceu como principal destino no Centro-Oeste (22,2%) e no Sul (15,4%).
Ao manter a liderança entre os principais importadores e a preferência dos brasileiros que querem ampliar seus embarques, Estados Unidos também apareceu como o maior alvo para acordos comerciais. Com 23,9%, o país foi o mais citado pelos empresários entre os mais atraentes para o estabelecimento de tratados.
Para Abijaodi, a indústria brasileira ainda não é competitiva o suficiente para encarar uma abertura total, que poderia acontecer se um acordo de livre comércio fosse assinado pelos países.
"Eles têm acesso a produtos de todo o mundo, um mercado completamente aberto, nós não conseguiríamos sobreviver. Ainda não é o momento", explicou ele.
Por outro lado, o especialista ressaltou que compromissos menores, como medidas de convergência regulatória, poderiam impulsionar as vendas para os EUA.
Outros países indicados para o estabelecimento de acordos foram China (6,8%), México (3,7%), Argentina (3%), Chile (2,4%), Canadá (1,8%) e África do Sul (1,8%). Entre os blocos, a União Europeia ocupou a primeira posição da lista, ao ser citada por 16,1% dos consultados.
Segundo Abijaodi, os pedidos brasileiros por tratados comerciais com o bloco europeu "sempre aparecem" nos levantamentos por causa do longo debate que envolve o acordo de livre-comércio entre União Europeia e Mercosul.
"Como as conversas entre os blocos já duram mais de uma década, essa perspectiva sempre aparece", disse. "Uma maior aproximação com países europeus seria positiva por ampliar nosso acesso à tecnologia e à inovação", avaliou o diretor da CNI.
O entrevistado defendeu uma "desburocratização" do Mercosul. De acordo com ele, a facilitação de "questões administrativas e jurídicas" impulsionaria as exportações industriais brasileiras.
Abijaodi também falou que "precisam ser discutidas" as atuais regras do bloco. As normas impedem o fechamento de acordos bilaterais entre membros do Mercosul e países que estão fora do grupo.
Desafios
O levantamento indicou ainda os principais problemas elencados pelos exportadores do ramo industrial. Os consultados apontaram a proporção das adversidades em uma escala de 1 a 5 - quanto maior o número, mais crítico o desafio.
Nas primeiras posições, figuram custo do transporte (3,61 pontos), tarifas de por portos e aeroportos (3,44) e baixa eficiência governamental no apoio à superação das barreiras às exportações (3,23).
Fonte: DCI