As indústrias projetam um crescimento das vendas de até 10% neste ano em comparação com 2016, principalmente, devido ao fato de a comemoração estar marcada para o segundo trimestre
São Paulo - As vendas de chocolate para a Páscoa podem ser beneficiadas pelo fato de que em 2017 a data será comemorada no segundo trimestre, acreditam executivos ouvidos pelo DCI. Com isso, o setor espera compensar parte da queda de 27% nas vendas do ano passado.
"A Páscoa aconteceu em um momento crítico para o País no ano passado. Além disso, a data em si ficou dentro do primeiro trimestre, perto dos compromissos financeiros do início do ano, fazendo o consumidor deixar de presentear", disse a gerente de marketing para a Páscoa da Garoto, Keila Broedel. A última Páscoa foi em 27 de março, enquanto neste ano a comemoração da data religiosa será em 16 de abril.
"No ano passado, foram produzidas 14,3 mil toneladas de chocolate para a data, o equivalente a 58 milhões de ovos", disse o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), Ubiracy Fonseca. O volume representa baixa de 27,4% ante 2015. Para 2017, as empresas projetam crescimento de até 10%.
Os ajustes no portfólio são outra aposta da indústria para estimular a demanda final. "As empresas têm feito um esforço grande para entender melhor o consumidor e entregar produtos de acordo com o momento que estamos vivendo", afirmou Ubiracy Fonseca.
A Lacta espera vender mais na linha regular de produtos durante a Páscoa. "Estamos muito otimistas com a Páscoa, porque acreditamos no crescimento de outros produtos além do ovo", disse o gerente de marketing de sazonais da Lacta, Ricardo Reis.
Já a Kinder espera repetir em 2017 o volume do ano passado "Trouxemos ovos para diferentes públicos e bolsos, porque percebemos que o número de ovos por compra diminuiu", revelou a gerente de marketing da Kinder Ovo, Joana Oliveira.
Preços
As fabricantes reajustaram os preços, em média, entre 6% e 8% para a Páscoa. No ano passado, a indústria aplicou reajustes de 10%, em média. "Conseguimos respeitar a inflação com um esforço grande nos custos da linha de produção. E como temos parte da produção terceirizada, negociamos bastante com os fornecedores", destacou o gerente de marketing para a Páscoa da Nestlé, André Laporta.
Entre os fabricantes ouvidos pelo DCI, o Grupo CRM, dono das marcas Kopenhagen e Brasil Cacau, anunciou o maior aumento para a Páscoa deste ano (8%), junto com a Cacau Show, que aplicou aumento de 7% a 8% os preços. A Arcor, por sua vez, reajustes de menos de 6%, ou seja, abaixo da inflação acumulada no último ano. Segundo o gerente de marketing da companhia, Anderson Freire, a medida visa atingir um melhor volume de vendas em comparação com o obtido em 2016. Na Village, o aumentou ficou em linha com a inflação de 2016 - na casa de 6,29% - e a empresa espera manter o volume vendido no ano passado, quando teve acréscimo de 5%.
Concorrência
A CRM quer ampliar em 10% o volume este ano e aumentar o ticket médio das vendas da marca Kopenhagen. "O nosso foco será a língua de gato, um produto que virou sinônimo de Kopenhagen. Mesmo que a concorrência lance produtos parecidos, o consumidor saberá qual foi a marca percursora", comentou a vice-presidente comercial, marketing e expansão da empresa, Renata Vichi.
Já a Cacau Show vai apostar na venda direta em 2017 para enfrentar a concorrência, segundo o vice-presidente de operações da fabricante, Marco Aurélio Lauria. "Voltamos a trabalhar com a venda direta no ano passado e isso vem ajudando no crescimento das vendas", observou o executivo. A estimativa dele é ampliar em 14% o faturamento na Páscoa deste ano. A expansão no número de lojas também contribuirá para o desempenho.
O nicho de ovos caseiros também está crescendo, impulsionado pela necessidade de renda do brasileiro, embora não represente uma parcela relevante do mercado de chocolates. "O segmento de barras vem crescendo, com muitos players em atuação. Mas como atende um mercado informal, não temos dados para mensurar esse aumento", destacou Laporta, da Nestlé.
Jéssica Kruckenfellner
Fonte: DCI - São Paulo