Consultor financeiro pondera que isso ocorrerá porque haverá redução dos juros e queda da inadimplência
As novas regras para pagamento do cartão de crédito, que entram em vigor em 3 de abril, deverão dar mais dinamismo à economia, ao forçar a redução dos juros e, consequentemente, levar à queda da inadimplência. Segundo o consultor financeiro Carlos Eduardo Costa, a medida causará impacto positivo. "Pela lógica econômica, se há menos endividamento, as pessoas têm parcela maior da renda disponível para consumo. Além disso, o pagamento de dívidas vai impactar os caixas dos bancos", explica. "É uma medida que começa com a mudança de comportamento do indivíduo, que terá mais chances de quitar suas dívidas, com a redução dos juros, e movimenta toda a economia", completa.
O pagamento mínimo, como é conhecido o crédito rotativo do cartão, passará a ter limites a partir do dia 3. Costa explica que, atualmente, o consumidor pode fazer o pagamento mínimo da fatura do cartão de crédito e "empurrar" o restante para a fatura seguinte. A pessoa pode repetir essa operação quantas vezes quiser. O restante do valor entre o pagamento efetuado e o total torna-se um financiamento. "A característica ruim desse financiamento é a altíssima taxa de juros cobrada pelo banco", ressalta Costa. Os juros do crédito rotativo chegam a ultrapassar os 400% anuais, sendo os maiores do mercado. "Com isso, a dívida demora a ser quitada, elevando inadimplência", explica.
Com a mudança, o consumidor poderá fazer uso do crédito rotativo apenas uma vez, ou seja, pelo prazo de 30 dias. A partir daí, haverá duas opções: ou paga integralmente o valor da dívida ou parcela com novas taxas, menores que do rotativo. "O banco terá que oferecer nova opção parcelada de financiamento, com juros mais baixos", disse. O valor dos juros cobrados pelo novo parcelamento da dívida do cartão do crédito vai variar de acordo com o banco. E as principais instituições financeiras do País já estão anunciando queda nos juros de alguns financiamentos. Entretanto, segundo Costa, mesmo sendo menores que os do crédito rotativo, os índices continuarão altos. "O cartão não deve ser usado como financiamento", pondera. Ele destaca a importância da educação financeira para evitar o endividamento. "O cartão de crédito pode ser aliado da vida financeira, desde que bem usado. Não se deve usá-lo como extensão do orçamento ou quando não se tem dinheiro na conta", ensina.
Segundo o economista da Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas) Guilherme Almeida, a atual taxa de juros cobrada pelo crédito rotativo do cartão de crédito é tão alta que, em seis meses, a dívida pode dobrar, se o consumidor pagar apenas o mínimo, que é de 15% do total. "A queda da dívida ocorre em ritmo muito lento e, em muitos casos, o valor se junta a outros gastos, elevando os índices de inadimplência", disse. De acordo com o economista, os juros cobrados atualmente pelo crédito rotativo ficam entre 15% e 16%. Os novos financiamentos oferecidos pelos bancos devem ter juros entre 2% e 10%, dependendo da instituição financeira."A redução dos juros é positiva. Com inadimplência alta, as pessoas não conseguem consumir, especialmente bens que exigem crédito", frisou Almeida. As mudanças no cartão de crédito foram anunciadas em dezembro pelo presidente Michel Temer e aprovadas em janeiro pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Fonte:Diário do Comércio de Minas