Presidente do BNDES prevê retomada econômica e melhora de desembolsos

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São Paulo - A presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Silvia Bastos Marques, afirmou que "sinais da retomada" começam a aparecer e apontou uma melhora nos desembolsos da instituição.

 

Sobre a situação econômica do País, a executiva disse que "boas notícias" já podem ser vistas. "Temos uma produção industrial em recuperação", exemplificou, ao citar a projeção do relatório Focus de crescimento de 1,49% para este ano. Ao participar, ontem, de evento promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), ela citou outros fatores positivos para a economia: uma redução "de forma estrutural" da taxa de juros, uma "evolução positiva" no preço dos ativos e uma retomada dos indicadores de confiança. "Todos eles apontam uma recuperação".

 

A respeito dos empréstimos do banco público, Maria Silvia destacou o avanço das negociações do BNDES Finame, que financia a aquisição de máquinas e equipamentos. As aprovações dessa linha, que antecedem os desembolsos, subiram 32% no primeiro trimestre, em comparação com igual período de 2016, para R$ 4,6 bilhões.

 

"Retirando a agricultura, que poderia distorcer os dados por causa da supersafra, e [o setor de] ônibus e caminhões, que têm capacidade ociosa muito grande, vemos que essas aprovações crescem quase 130%. De fato, há uma recuperação dessa tendência de investimento em bens de capital", disse ela.

 

Questionada sobre o recuo dos desembolsos do BNDES no primeiro trimestre, a presidente do órgão de fomento afirmou que os empréstimos de um ano "não refletem, em geral", as aprovações de projetos que ocorrem nesse mesmo período. "O ciclo de concessão de crédito do banco ainda é muito longo, dura muito tempo. O que se desembolsa em um ano, reflete os projetos aprovados em anos anteriores. Por isso, ainda vemos uma diminuição [dos empréstimos], que reflete a recessão fortíssima nos anos anteriores [a 2017]", explicou Maria Silvia.

 

"O mais importante", seguiu ela, "é olhar as aprovações do banco, que mostram a tendência de retomada. Os desembolsos, na verdade, são um retrato do passado". No primeiro trimestre deste ano, os empréstimos realizados pelo BNDES totalizaram R$ 15,1 bilhões, um recuo de 17% no confronto com igual período de 2016.

 

Reformas do governo

Assim como os empresários que compareceram ao evento, Maria Silvia defendeu a aprovação das reformas trabalhista e previdenciária, que seguem em discussão no Legislativo. "Se nós não resolvermos, de forma estrutural, a questão fiscal brasileira, nós não conseguiremos desenvolvimento sustentável", disse ela.

 

Outro ponto abordado por Maria Silvia foi o elevado endividamento de famílias e empresas no Brasil. "Nessa recessão, temos esse fator diferente, em comparação com as recessões passadas, o que torna a retomada mais lenta e dolorosa", afirmou. Ela indicou, entretanto, que "esse processo está se normalizando", em referência à desalavancagem de famílias e empresas durante a recessão, o que também favoreceria a retomada da atividade econômica no País.

 

Pequenas empresas

A presidente do BNDES voltou a dizer que o banco dará prioridade aos empréstimos para companhias de menor porte. "Os grandes e médios empresários têm acesso ao BNDES, mas os micro, pequenos e médios realmente têm uma situação mais difícil", comentou.

 

Segundo ela, não há como o órgão de fomento receber todos os representantes de companhias menores e realizar empréstimos diretos para essas empresas, já que boa parte do financiamento tem bancos privados como intermediários. Maria Silvia ponderou que a instituição pública está buscando formas para reduzir os custos dessas negociações e simplificar o acesso aos empréstimos do banco. A criação de novos canais de distribuição do Cartão BNDES, o aumento de prazos e a maior agilidade nos processos também pode favorecer os negócios com pequenas empresas.

 

Entre janeiro e março, o banco desembolsou R$ 6,2 bilhões em mais de 80 mil operações para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs). Esse valor representa 41% de tudo que o BNDES emprestou durante o período. Nos primeiros trimestres de 2015 e de 2016, essa participação foi de 30% e 39%, respectivamente.

 

Mudança para TLP

A executiva também falou sobre a mudança da taxa utilizada pelo banco. Nos próximos anos, a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) será substituída pela Taxa de Longo Prazo (TLP) e passará a usar juros semelhantes aos cobrados pelo mercado, superiores aos praticados atualmente.

"O BNDES sempre será uma fonte mais competitiva", sinalizou Maria Silvia. "Nós sempre seremos o financiador de longo prazo da economia."

 

Pressão do governo

Perguntada sobre seu relacionamento com o Executivo federal, chefiado pelo presidente Michel Temer, e sobre a existência de intervenções para que o BNDES adote políticas diferentes, a presidente do órgão disse que "nunca sofreu pressão nenhuma do governo". "Eu tenho uma relação excelente com o presidente e com a equipe do governo", afirmou.

 

 

 

Fonte: DCI São Paulo

 


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