São Paulo - O Produto Interno Bruto (PIB) deve registrar estabilidade no trimestre encerrado em junho, depois de ter expandido 1% nos três primeiros meses do ano na margem, ou seja, em relação ao trimestre imediatamente anterior.
"Teremos um PIB quase andando de lado", define o sócio-diretor da MacroSector Consultores, Fábio Silveira, que prevê alta entre 0,1% e 0,2% para o período. O que deve segurar o resultado do indicador é um desempenho "menos negativo" do consumo e dos serviços, além de um avanço das exportações no consolidado dos meses de abril, maio e junho.
O economista da Pezco Microanalysis Helcio Shiguenori Takeda projeta um crescimento de 0,5% para o PIB do segundo trimestre, balizado, pelo lado da demanda, por uma alta de 0,2% no consumo das famílias, o que interromperia nove quedas seguidas do componente na margem. "Boa parte do aumento está associado à liberação [das contas inativas] do FGTS e da melhora do poder de compra com queda da inflação", diz Takeda.
O economista da GO Associados Luiz Fernando Castelli, que prevê alta de 0,5% no consumo, acrescenta que os cortes na taxa básica de juros (Selic) e a estabilização do desemprego também colaboram para a perspectiva de leve recuperação do componente.
Ele cita os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na sexta (30), que mostraram manutenção da taxa de desocupação em 13,3% no trimestre encerrado maio (13,8 milhões de pessoas), em comparação com o finalizado em fevereiro.
Castelli afirma que essa perspectiva de avanço do consumo deve impactar positivamente os serviços, que tendem a expandir 0,4% no trimestre encerrado em junho. Ele especifica que os efeitos virão mais do comércio varejista, cujos dados do IBGE mostraram elevação de 1% em abril, ante maio). Ontem, a Mastercard chegou a informar que as vendas no varejo cresceram 0,9% em maio, na comparação com igual mês de 2016. Este panorama deve levar o PIB a registrar estabilidade no segundo trimestre, para GO.
Silveira, da MacroSector, destaca ainda o papel das exportações na impulsão do PIB neste ano. Ele afirma que, após crescerem 4,8% no primeiro trimestre, na margem, as vendas externas podem avançar 6,5% no segundo trimestre, fechando 2017 com alta de 7,5% ante 2016. "O que está fazendo a diferença é a exportação", ressalta Silveira.
Agricultura
Já o PIB da agropecuária não deve ter um resultado tão positivo no segundo trimestre quanto teve no primeiro (+13,4% na margem). Segundo Takeda, da Pezco, o setor deve ter expansão de 1,2%, enquanto Castelli espera uma queda de 1,9%. No ano fechado, porém, a expectativa da GO é de que a agropecuária expanda quase 10%, balizando boa parte da alta de 0,5% do PIB total.
Takeda também aposta em um aumento de 0,6% do setor industrial no segundo trimestre, impulsionado pela indústria de transformação e da extrativa mineral, em um movimento de leve recuperação da demanda interna, além das exportações.
Já Castelli prevê estabilidade para o setor, apesar de projetar alta de 0,6% em maio, mesmo patamar do crescimento ocorrido na indústria em abril, segundo o IBGE. O receio do economista da GO, entretanto, é com relação aos dados de junho. Para ele, os desdobramentos das denúncias contra o presidente Michel Temer podem ter tido repercussão no mês, impactando a indústria e os investimentos.
Para Takeda, inclusive, é justamente a ausência de recuperação no indicador da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, investimentos) que impede uma retomada substantiva da economia. Ele estima queda de 0,5% na FBCF.
Segundo o Focus divulgado ontem pelo Banco Central (BC), o mercado prevê recuo de 0,20% do PIB no segundo trimestre, ante igual período de 2016. A projeção para 2017 segue em 0,39% e, para 2018, caiu de 2,10% para 2,00%.
Fonte: DCI São Paulo