São Paulo - Diante das incertezas no cenário político, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), medido pela CNC, apresentou retração de 0,9% em julho ante o mês anterior. Daqui para frente, a perspectiva é que o aumento da tributação sobre combustíveis impacte os investimentos das empresas, e preços do varejo, já nos próximos meses.
"Deve haver algum repasse [do aumento do combustível aos consumidores]. O Brasil tem uma estrutura de transporte muito rodoviária. Este repasse vai impactar não somente os setores de alimentos e bebidas, mas também para móveis e eletrodomésticos. Por outro lado, com os preços do varejo em queda, por conta dos cortes de juros, talvez abra espaço no orçamento dos comerciantes", diz a economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Izis Ferreira.
O Icec, indicador que detecta as tendências do setor, do ponto de vista do empresário, atingiu 101,5 pontos em julho de 2017; a primeira baixa na comparação mês a mês neste ano: decréscimo de 0,9% em relação a junho. No comparativo anual, porém, o indicador manteve números otimistas: avanço de 16,7% em relação a julho de 2016.
Investimentos moderados
Segundo a economista, a retração do subíndice que mede as intenções de investimento do comércio (IIEC), se deu em função do momento de incerteza política nos dois últimos meses, que acabou tendo um efeito negativo no indicador. Entre julho e junho, o subíndice declinou 1,2%, registrando 87,7 pontos. No comparativo anual, no entanto, o subíndice avançou 9,7%.
Dentre os níveis que compõem o IIEC, o índice de intenção de investimentos na própria empresa e em estoques, caíram 0,8% e 0,4% na passagem mensal, respectivamente. Contudo, a maior perda está relacionada à contratação de funcionários por parte do varejo; um decréscimo de 2,1% ante os números de junho.
"Os comerciantes continuam otimistas. Apesar dessa retração na intenção de investimento, ainda assim todos os índices estão crescendo na comparação anual. Revisamos a nossa estimativa de 1,2% para 1,6% no volume de vendas, que será o primeiro aumento em relação aos últimos três anos, retornando ao mesmo patamar de 2010", afirma a economista.
De acordo com a entidade, o varejo deve obter alta de 1,6% em 2017. Para o desenvolvimento dos números no setor, a liberação do FGTS inativo por parte do governo foi fundamental: "O impacto das contas inativas está sendo positivo nas vendas do varejo, principalmente para segmentos como 'móveis e eletrodomésticos', matérias de construção e 'tecidos e vestuários'. Mas, sabemos que esse é um movimento pontual. Outras reformas precisam acontecer para que o volume de vendas continue com índice de alavancagem", comenta Izis.
Pé no freio
A pesquisa da CNC detectou ainda que 42,9% dos empresários admitem que as condições econômicas do País pioraram muito em julho. Para 27,9%, o cenário piorou pouco, e apenas 2% acreditam que melhorou muito. Já as condições atuais do setor do comércio pioraram muito para 32,9% dos entrevistados, sendo que 31,4% veem o cenário pouco pior.
Fonte: DCI São Paulo