O avanço de 0,10% do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) neste mês de agosto após quatro quedas mensais consecutivas é consistente e generalizada no atacado, o que tem potencial para acelerar a inflação do consumidor.
A análise é do economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) André Braz.
Mas ele descarta qualquer risco inflacionário a partir dessa inversão no IGP-M e diz que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar o ano bem abaixo da meta, em cerca de 3,6%.
"Alguma aceleração do IGP-M era prevista, até pelo fim do efeito baixista sobre preços agrícolas graças à safra recorde, mas não vai comprometer o cenário benigno de inflação, que ainda deve fechar bem abaixo da meta este ano", explica o economista.
No IGP-M de agosto, o que justificou a alta foi o fato de que alguns produtos agropecuários no atacado, que têm forte relação com os preços cobrados às famílias, já começaram a subir, como café, laranja, aves e batata. Além disso, a aceleração do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) (-1,16% para -0,05%) teve influência forte dos reajustes da Petrobras nos combustíveis, que também têm repasse para os preços no varejo.
"A principal mensagem do IGP-M é que a alta é espalhada no atacado e deve ter repasse para o consumidor. Em setembro, a deflação do grupo Alimentação deve desacelerar, mas esse movimento está no cenário previsto para o segundo semestre", reforça Braz.
No Índice de Preços ao Consumidor (IPC) no IGP-M de setembro, Braz avalia que a queda menos intensa dos alimentos devem anular o alívio a ser produzido pela mudança de bandeira de vermelha para amarela na conta de luz.
Em agosto, o IPC teve alta de 0 33%, com a influência do aumento de juros sobre os combustíveis, após subir 0,04% em julho. Assim, com a expectativa de pressão mais forte do IPA, principalmente nos produtos agrícolas, o economista afirma que há grandes chances do IGP-M superar em setembro a marca de igual mês de 2016, de alta de 0,20%, e começar a desacelerar a retração em 12 meses, atualmente em -1,71% (taxa mais baixa desde dezembro de 2009).
Para Braz, a alta que começou no primeiro estágio de produção em agosto, nas matérias-primas brutas (1,04%, de -1,37% em julho), deve se espalhar ainda mais pela cadeia produtiva.
Fonte: Estadão Conteúdo