São Paulo - A confiança do consumidor subiu 1,4 ponto em setembro ante agosto, na série com ajuste sazonal, informou a Fundação Getulio Vargas (FGV). Com o resultado, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) ficou em 82,3 pontos.
O resultado interrompe a sequência de três quedas consecutivas, puxadas pelo agravamento da crise política em maio, com a divulgação da delação do empresário Joesley Batista, um dos sócios do grupo de proteína animal JBS, envolvendo o presidente Michel Temer.
"O resultado parece estar relacionado a uma ligeira melhora na percepção sobre o mercado de trabalho e no gradual afastamento do risco de crise política. Isso, no entanto, não parece ter sido suficiente para alterar o perfil ainda cauteloso do consumidor", afirmou a coordenadora da Sondagem do Consumidor, Viviane Seda Bittencourt.
Segundo o relatório, em setembro, a satisfação dos consumidores com a situação atual ficou estável, enquanto as expectativas para os meses seguintes mostraram recuperação após três meses de quedas. O Índice de Situação Atual (ISA) teve ligeira alta de 0,2 ponto, para 70,9 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE) avançou 2,2 pontos, para 91,1 pontos.
O subitem que mede a satisfação dos consumidores com a situação econômica atual teve alta de 0,7 ponto em setembro, recuperando 70% das perdas acumuladas nos últimos três meses. Já o indicador que mede o otimismo em relação à economia nos próximos seis meses avançou 5,9 pontos, para 110,9 pontos.
Em setembro, a confiança avançou em três das quatro faixas de renda pesquisadas. A maior alta foi registrada nas famílias com renda mais elevada, acima de R$ 9.600,00 mensais. A Sondagem do Consumidor coletou informações de 1.830 domicílios em sete capitais, com entrevistas entre os dias 1º e 19 de setembro.
Futuro incerto
Apesar a melhora, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de rejeitar o pedido da defesa de Temer e suspender o envio à Câmara dos Deputados da nova denúncia contra o peemedebista ainda pode ter um efeito negativo na confiança do consumidor nos próximos meses. Em linha com a primeira denúncia, a Procuradoria Geral da República (PGR) enviou, na semana passada, uma acusação ao presidente por crime de organização criminosa e obstrução de Justiça.
Assim como a primeira denúncia, que envolvia as delações de Joesley Batista, o efeito no consumo pode retardar ainda mais retomada do varejo, o que sinaliza que ainda não houve grande deslocamento das crises políticas e econômicas.
Daqui para frente, a expectativa do mercado é que, sem grandes alterações no cenário político, a economia entre em um ambiente melhor para negócios. Essa perspectiva, no entanto, ainda passa pelo cenário nebuloso que envolve o Congresso Nacional.
Fonte: DCI São Paulo