São Paulo - O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vai crescer 2,43% em 2018, de acordo com estimativas apresentadas ontem, no relatório de mercado Focus do Banco Central (BC). A projeção apresentada na segunda-feira passada apontava uma expansão de 2,38% .
Para 2017, foi mantida a previsão de alta de 0,7% para o PIB, mas a aposta para o crescimento da produção industrial chegou a 1,18%, contra 1,05% no documento anterior. Já o esboço para o desempenho da indústria no ano que vem foi mantido pelos analistas financeiros em um aumento de 2,40%.
Segundo especialistas consultados pelo DCI, a melhora nas expectativas quanto aos dados econômicos se deve à percepção de que os juros serão mantidos em um patamar baixo por um período relativamente longo. Os entrevistados também afirmam que a retomada vista nas últimas pesquisas de emprego fortalece a impressão de que a atividade brasileira já está evoluindo.
"Há um consenso de que o pior ficou para trás", diz Miguel Oliveira, diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Na opinião dele, o mercado acredita em uma melhora para a economia mesmo sem a aprovação das reformas. "É sabido que o governo não tem musculatura para passar a reforma da Previdência. No melhor dos casos, será estabelecida a idade mínima para a aposentadoria", afirma.
Já Altamiro Carvalho, assessor econômico da FecomercioSP, cita a melhora dos indicadores econômicos neste ano. "Tivemos a queda da inflação e dos juros, a balança comercial recorde, a melhora da confiança, os números positivos do PIB e a recuperação do emprego. Tudo isso causa as expectativas mais otimistas."
Entretanto, ele afirma que a evolução das projeções se baseia na crença de que a reforma previdenciária será aprovada. "Sem a organização dos gastos públicos nos próximos anos, será impossível manter uma perspectiva positiva para a economia brasileira", diz.
Por outro lado, Carvalho destaca a aprovação do teto de gastos e das mudanças na CLT. Segundo ele, essas alterações na legislação reduziram o custo Brasil e abriram espaço para o fortalecimento do PIB.
Inflação mais elevadas
A estimativa para o aumento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2017 chegou a 2,98%, um pouco acima da aposta apresentada no relatório anterior (2,95%) do BC. Esse aumento quebrou uma sequência de seis semanas com quedas nas previsões para a alta nos preços. No entanto, a projeção para a taxa básica de juros foi mantida em 7% ao ano.
Segundo Oliveira, a mudança no esboço para o índice foi causada pelo resultado do IPCA de setembro, divulgado na última sexta-feira. O aumento mensal dos preços, de 0,16%, superou a expectativa do mercado para o período (0,1%).
Sobre a Selic, o especialista afirma que a inflação não deve ter variação forte o suficiente para alterar a trajetória da taxa de juros, que, na visão dele, deve encerrar 2017 entre os 7% ao ano e os 7,25% ao ano.
Carvalho segue a mesma linha. "A mudança na projeção para o IPCA é apenas uma flutuação na margem. [O índice] não deve apresentar grandes alterações durante os próximos meses", afirma ele.
Para 2018, o último relatório Focus apontou uma alta de 4,02% da inflação, um pouco abaixo da estimativa interior (4,06%). A expectativa para a Selic foi mantida nos 7% ao ano. "Sem uma melhora do quadro fiscal, a taxa básica não poderá ficar abaixo desse patamar", indica Carvalho.
Também ficaram inalteradas as projeções dos analistas para o patamar da taxa de câmbio no final deste ano (R$ 3,16) e para o investimento direto no País em 2017 (US$ 75 bilhões).
Por outro lado, o esboço para a balança comercial alcançou um superávit de US$ 63,03 bilhões, contra estimativa anterior de resultado positivo em US$ 62 bilhões. Já a projeção para a dívida líquida de 2017 chegou a 52,25% do PIB, acima da previsão anterior (52,20%).
Fonte: DCI São Paulo