São Paulo - Depois de cair por 14 meses consecutivos, o indicador mensal de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) registrou aumento de 0,8% em agosto, na comparação com igual mês do ano passado.
Entretanto, o investimento acumulado em 2017 não saiu do vermelho. Divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o indicador caiu 3,9% entre janeiro e agosto, em relação aos oito meses de 2016. No confronto entre agosto e julho de 2017, o cálculo ficou praticamente estável (-0,1%).
"Temos uma recuperação ainda tímida dos investimentos", diz José Ronaldo de Souza Jr., diretor de políticas macroeconômicas do Ipea. Segundo ele, a FBCF deve ter novas altas nos próximos meses, mas o indicador de 2017 não deve sair do terreno negativo. As projeções da equipe econômica do Ipea apontam uma queda de 2,5% para os aportes no confronto com o ano passado.
Para 2018, contudo, há estimativa de crescimento anual de 4,2%, mas José Ronaldo pondera que essa trajetória vai "depender muito" das eleições presidenciais. O bom humor dos investidores, diz ele, estará ligado ao bom desempenho dos candidatos que defendam a manutenção da agenda de reformas fiscais. "Existe a expectativa de que o ajuste nas contas públicas não pare", avalia.
Professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Pedro Raffy Vartanian afirma que o investimento privado, favorecido pelo recuo da taxa básica de juros e pela recuperação da economia, deve puxar a melhora da FBCF no ano que vem.
Já os aportes públicos, segue ele, devem permanecer em patamar baixo. "União, estados e municípios não têm espaço no orçamento para ampliar essas aplicações." Com a restrição orçamentária, as concessões do governo federal devem continuar em alta, conclui.
Para o Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre deste ano, José Ronaldo projeta um aumento de 1,6% do investimento, na comparação com os três meses imediatamente anteriores. Se for confirmado, esse será o primeiro resultado positivo para o indicador desde o começo da recessão econômica.
Construção em queda
No indicador da FBCF de agosto, o destaque negativo ficou com a construção civil, que teve queda de 4,5% em relação ao oitavo mês do ano passado. Por outro lado, o consumo aparente de máquinas e equipamentos (Came) registrou alta de 11% no período.
Segundo José Ronaldo, a construção civil começa a caminhar para um patamar de estabilidade, mas segue em situação complicada. "Ainda há excesso de oferta em algumas áreas e regiões do País."
O entrevistado acredita que a diminuição do estoque de imóveis disponíveis pode fortalecer o setor no ano que vem, ainda que a alta esperada para a FBCF deva ser causada por um novo aumento do Came.
O consumo de bens de capital também cresceu no confronto com julho deste ano (1,8%), enquanto que a construção civil recuou 2,3%.
Sobre as tendências para 2018, José Ronaldo afirma que as empresas devem buscar novas máquinas e equipamentos mesmo com o elevado nível de capacidade ociosa. "São investimentos necessários para a modernização", explica.
Fonte: DCI São Paulo