São Paulo - Os analistas financeiros elevaram a estimativa de aumento dos preços administrados neste ano. A mediana das projeções do mercado, apresentada ontem no Relatório Focus, chegou a 6,82%, enquanto a previsão da semana passada indicava uma alta de 6,66%.
De acordo com especialistas consultados pelo DCI, essa mudança foi causada principalmente pela falta de chuva nos últimos meses, que levou ao aumento no preço da energia elétrica. "Tivemos a alteração para a bandeira vermelha e é bem provável que esse patamar seja mantido até o final deste ano", afirma André Braz, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV).
As projeções de mercado para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) seguiram a mesma trajetória. No relatório de ontem, a alta estimada para este ano chegou a 3,06%, ante 3% no documento da última segunda-feira. Ainda assim, as estimativas para a taxa básica de juros foram mantidas. Os analistas apostam em um corte de 0,75 ponto percentual na reunião de amanhã do Comitê de Política Monetária (Copom). Para o final de 2017, é esperado que a Selic, atualmente em 8,25% ao ano, chegue aos 7% ao ano.
"A inflação está bem abaixo do centro da meta e não deve afetar os juros em 2017", afirma Luiz Fernando Castelli, economista da GO Associados. Nos 12 meses encerrados em setembro, o IPCA acumulou avanço de 2,54%.
Sobre o ano que vem, os entrevistados destacam que as previsões meteorológicas indicam que a falta de chuvas não será um problema. Com isso, os preços da energia elétrica e dos alimentos não devem atrapalhar a condução da política monetária. Por outro lado, a disputa presidencial pode dar força à inflação.
"As projeções para as safras de 2018 são um pouco piores que as de 2017, mas continuam em um patamar elevado. No entanto, existe preocupação com as eleições presidenciais, que podem afetar o câmbio e o IPCA no próximo ano e em 2019", diz Castelli.
Gasolina mais cara
Além do aumento na cobrança da energia elétrica, os combustíveis e o botijão de gás pesam para a elevação dos preços administrados no final deste ano.
Segundo Braz, a temporada de furacões nos Estados Unidos é um dos motivos para o encarecimento dos combustíveis. "Muitas refinarias tiveram que parar de produzir por algum tempo". Outra razão, segue ele, foi a elevação das alíquotas do PIS/Cofins sobre a gasolina, o álcool e o diesel, promovida pelo governo federal no começo deste semestre.
Já o botijão de gás pode puxar os preços administrados mais para cima durante os próximos meses, afirma Castelli. "Deve ficar um pouco mais caro até o final do ano".
Mais projeções
O relatório Focus também trouxe previsões iguais às da semana passada para o IPCA, a Selic e os preços administrados em 2018. Segundo os analistas de mercado, a inflação deve ficar em 4,02%, a taxa de juros, em 7% ao ano e os preços administrados, em 4,8%.
Foram alteradas, por outro lado, as previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) e a balança comercial de 2017. Para o primeiro, é esperada expansão de 0,73%, ante 0,72% no relatório anterior. Já para a balança, é projetado superávit de US$ 64,75 bilhões, contra US$ 63,73 bilhões no documento da semana passada.
A taxa de câmbio prevista para o final deste ano teve leve aumento, chegando a R$ 3,16, depois de ficar em R$ 3,15. Para o fim de 2018, os analistas financeiros mantiveram a estimativa para a taxa em R$ 3,30.
Fonte: DCI São Paulo