Não é de hoje que especialistas alertam para a perda de competitividade da indústria brasileira. Ano após ano, o parque fabril nacional vem perdendo seu espaço no mundo globalizado tanto em termos de produção quanto em termos de mercado. O mais recente levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), com base em estatísticas da Organização Mundial do Comércio (OMC), revelou que o Brasil vem perdendo espaço no mercado mundial em produção e exportação de manufaturados.
“Enquanto vemos países em desenvolvimento ganhando competitividade, o Brasil segue em declínio. A ele só podemos comparar Estados Unidos e Alemanha, que já são avançados. Principalmente nos dois últimos anos, em que o cenário se agravou por conta da recessão. Por isso, temos que persistir na agenda das reformas em busca do ritmo de crescimento”, resumiu o gerente de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
Segundo o estudo, nos últimos 10 anos, quatro dos cinco indicadores de competitividade registraram perda de posição. Apenas a taxa de câmbio real efetiva acumulou uma pequena melhora e, por isso, o País ficou atrás dos principais competidores internacionais.
A fatia das exportações brasileiras de produtos manufaturados no total mundial, por exemplo, diminuiu 0,24 ponto percentual entre 2005 e 2015 e ficou em 0,58%. Enquanto isso, a participação da China aumentou 8,83 pontos percentuais, e a da Coreia do Sul, cresceu 0,55 ponto percentual.
Além disso, na última década a participação brasileira na produção mundial de manufaturados caiu 0,9 ponto percentual. Passou de 2,74% em 2006 para 1,84% em 2016. No mesmo período, a fatia da indústria chinesa cresceu 11,80 pontos percentuais, e a da Coreia do Sul, 0,56 ponto percentual.
“Os dois indicadores mostram que o Brasil está perdendo capacidade de competir no mercado mundial de produtos manufaturados. Nas bastasse isso, perde capacidade também de competir com os produtos estrangeiros dentro do próprio País”, comentou Castelo Branco.
Reformas - Ele explicou que isso é resultado dos avanços pouco expressivos nas reformas micro e macroeconômicas que têm impacto nos custos de produção das empresas. Para reverter o cenário, o especialista reforçou que é necessário insistir nas reformas que se planejam no País, mas que pouco saem do papel.
“Os custos de produção no Brasil cresceram mais do que a produtividade, e isso faz com que o País tenha alguma vantagem diante dos competidores externos quando o real se valoriza, mas por outro lado, inviabiliza a competitividade lá fora. É preciso encontrar um meio termo”, reforçou.
Fonte: Diário do Comércio de Minas