São Paulo - Com um avanço de 32,7 pontos, o Indicador de Clima Econômico (ICE) brasileiro chegou aos 91,7 pontos entre agosto e outubro. Os dados foram apresentados ontem pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV).
De acordo com a porta-voz do estudo, essa melhora se deve principalmente à recuperação da economia nos últimos meses e acontece apesar do quadro político do País. "Os países importantes para as exportações do Brasil, como a China, continuam crescendo, e os dados internos de diversos setores, como a indústria, começaram a melhorar", afirma Lia Valls, pesquisadora da área de economia aplicada do Ibre.
Construído com base na avaliação trimestral de analistas econômicos, o ICE teve desempenho ruim nos itens relacionados à situação vivida em Brasília. Os quesitos "falta de confiança na política econômica" e "instabilidade política" apareceram entre os principais problemas observados pelos especialistas, ambos com 83 de um total de 100 pontos.
Por outro lado, os dois componentes do ICE evoluíram no período. Enquanto o Indicador da Situação Atual (ISA) teve alta de 18,4 pontos, para 26,1 pontos, o Indicador de Expectativas (IE) disparou 56,7 pontos, para 191,3 pontos.
O resultado visto no trimestre encerrado em outubro foi o mais elevado desde o início da crise econômica, em 2015. No entanto, o ICE continuou abaixo da média acumulada pelo País ao longo dos últimos dez anos, de 93,9 pontos.
E essa trajetória de alta pode mudar nos próximos meses. Segundo Valls, as dúvidas em relação ao futuro das reformas e as eleições presidenciais podem afetar a avaliação dos analistas durante 2018.
A análise do Ibre é semelhante à da BBVA, divulgada na última quarta-feira. Em nota, a instituição apontou que a "recuperação cíclica" do Brasil segue em marcha, impulsionada pelas exportações e o consumo interno. Foi indicado, entretanto, que "uma retomada [econômica] estrutural vai exigir reformas de difícil implementação no curto prazo."
Melhora na região
A avaliação dos analistas sobre 7 dos 11 países latino-americanos melhorou entre agosto e outubro deste ano. Além do Brasil, tiveram aumentos expressivos o ICE de Peru (55 pontos), Chile (52 pontos) e Argentina (44 pontos).
Na visão dos entrevistados, o principal motivo desses avanços é a manutenção de um preço favorável para as commodities, como o minério de ferro e a soja, no mercado internacional. "O fortalecimento de governos aprovados pelo mercado também ajuda os indicadores", acrescenta Antônio Carlos Alves dos Santos, professor de economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Segundo ele, esse é o caso da Argentina. "Lá o [presidente] Mauricio Macri teve vitória importante sobre o kirchnerismo nas últimas eleições". O ICE argentino chegou a 145,2 pontos no trimestre encerrado em outubro, a melhor pontuação da América Latina.
Alta generalizada
A maior parte dos países desenvolvidos teve bons resultados no período. Só o Reino Unido (68,2 pontos) ficou abaixo dos 100 pontos. "Ainda existem dúvidas sobre os efeitos do Brexit, por isso as avaliações dos britânicos não melhoraram", diz Santos.
O ICE mais alto foi visto na Alemanha (153,5 pontos), que foi seguida por França (130,3 pontos), Estados Unidos (125,7 pontos) e Japão (123,9 pontos).
Já os membros dos BRICS tiveram desempenhos distintos. Enquanto a Índia (113,8 pontos), a China (106,8 pontos) e a Rússia (99,6 pontos) registraram bons resultados, a África do Sul (59,1 pontos) ficou mais próxima do Brasil, em uma zona intermediária.
Fonte: DCI São Paulo