Os consumidores que conseguirem mudar hábitos e deslocarem o consumo de energia poderão pagar uma conta de luz mais baixa em 2018.
De acordo com a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), quem conseguir concentrar o consumo de energia entre as 22 horas de um dia e as 17 horas do dia seguinte poderá economizar.
A tarifa branca é um regime tarifário que considera o horário do consumo e o dia da semana para definir do preço da energia. Atualmente, o consumidor paga o mesmo valor pela energia em todos qualquer horário do dia, seja manhã, tarde, noite e madrugada.
Com a tarifa branca, a energia fica mais cara no momento em que a rede é mais demandada, entre 17 horas e 22 horas.
Entre 18 horas e 21 horas, a energia ficará até cinco vezes mais cara. Das 17 horas às 18 horas e das 21 horas às 22 horas, a luz ficará três vezes mais cara.
No restante das horas do dia, ela terá um preço mais baixo. Nos fins de semana e feriados, a energia terá o valor mais barata o dia todo.
A tarifa branca é um regime opcional, ou seja, o consumidor que quiser aderir deve fazer o pedido à sua própria distribuidora.
Quem não fizer o pedido e não tiver interesse em migrar não precisa se preocupar, pois vai permanecer no regime normal de cobrança de energia, que não faz diferenciação de preços.
Inicialmente, apenas clientes com consumo médio mensal acima de 500 kWh poderão migrar. Novas ligações também poderão realizar a migração.
A estimativa é que 5% dos consumidores possam fazer essa opção em janeiro, cerca de 4 milhões de unidades consumidoras.
Entre eles, estão consumidores de renda mais alta, além de comércios e indústrias de menor porte.
Ao avaliar a opção da tarifa branca, os clientes precisam ter cuidado, pois, dependendo do perfil do consumo, é melhor permanecer no regime atual.
Quem não consegue deslocar o horário do banho da noite para a manhã, por exemplo, não deve fazer a migração, pois sua conta de luz pode ficar mais cara.
Quem tem ar condicionado ou aquecedor, itens que consomem muita energia, deve mudar hábitos se quiser economizar.
De acordo com o presidente da Abradee, Nelson Fonseca Leite, o objetivo da tarifa branca é desestimular o consumo no horário de pico, para dar mais segurança ao sistema elétrico.
O executivo não deu uma estimativa sobre quanto o consumidor pode economizar com a migração. Para escritórios que funcionam em horário comercial, das 8 horas às 17 horas, por exemplo, a migração vale a pena.
Os valores da energia cobrada por cada empresa, bem como os horários de pico de cada uma, estão disponíveis no site da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
“Cada consumidor deve fazer seus cálculos e estimativas para verificar se vale a pena ou não aderir à tarifa branca”, disse Leite.
Clientes de consumo médio
A partir de janeiro de 2019, consumidores com consumo médio mensal acima de 250 kWh poderão migrar. Finalmente, a partir de janeiro de 2020, todos poderão optar pela tarifa branca. De acordo com a Abradee, o consumo médio mensal do brasileiro é de 160 kWh por mês.
Os clientes que migrarem e se arrependerem podem pedir para voltar para a tarifa convencional. A empresa deverá viabilizar o retorno em 30 dias. Para mudar novamente, é preciso permanecer 180 dias no regime convencional.
Ao receber a solicitação, as empresas terão 30 dias para instalar um novo medidor, cujo preço varia de R$ 300,00 a R$ 600,00. Esse custo terá de ser arcado pelas empresas. Consumidores de baixa renda, atendidos pelo programa Tarifa Social, não podem aderir.
Pressão
A Abradee destacou que a tarifa branca pode gerar uma nova pressão nas contas das elétricas, que pode chegar às contas de luz. A potencial economia para alguns clientes pode resultar em tarifas mais caras para os consumidores que permanecerem no regime normal. As distribuidoras pretendem levar essa questão à Aneel.
“Espera-se que apenas as pessoas que conseguirem economizar vão migrar para a tarifa branca. Isso pode causar um problema de reequilíbrio econômico-financeiro para as empresas”, afirmou o diretor da Abradee, Marco Delgado.
As distribuidoras estão preocupadas com a possível corrida de consumidores dispostos a migrar assim que o regime entrar em vigor. Segundo a Abradee, algumas distribuidoras que pertencem a governados estaduais, obrigadas a fazer todas as compras por meio de licitações, estão com problemas para adquirir os medidores, pois não houve interessados em participar da disputa.
Fonte: Folha Videira