A melhora na confiança da indústria, cujo indicador, medido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), chegou ao maior patamar em quase quatro anos, reforça a tendência de retomada dos investimentos no setor, ainda que essa reação deva ser limitada pela ainda alta ociosidade nas fábricas.
Divulgado nesta quinta-feira, 28, o avanço de 1,3 ponto do índice de confiança industrial da FGV na passagem de novembro para dezembro foi puxado pela alta no indicador da pesquisa que mede a expectativa dos empresários sobre o desempenho de seus negócios nos próximos seis meses. Esse é um dado que, segundo a coordenadora da sondagem, Tabi Thuler Santos, guarda uma "relação ótima" com os investimentos.
"Se este é o indicador que está puxando a confiança das empresas, é uma boa sinalização ao crescimento nos investimentos", comenta Tabi.
Para ela, as eleições do ano que vem, com todas suas incertezas sobre o futuro governo, ainda não entraram no radar dos entrevistados pela FGV, de modo que a expectativa é que o índice de confiança da indústria volte no mês que vem aos 100 pontos, o ponto neutro que, numa escala que vai de zero (pessimismo total) a 200 pontos (otimismo total), separa o pessimismo do otimismo.
O levantamento deste mês marcou 99,6 pontos, o que, embora continue na faixa do pessimismo, representa a maior pontuação desde janeiro de 2014. Tabi diz que o indicador ainda não passou da marca de 100 pontos porque a percepção dos empresários sobre a situação atual - que leva em conta o desempenho do negócio, os estoques e a demanda tanto interna quanto externa - não deixou o campo negativo, ainda que tenha alcançado o maior nível desde fevereiro de 2014.
Por outro lado, destaca a coordenadora, pela primeira vez desde setembro de 2013, foram registradas mais respostas positivas do que negativas nas questões relacionadas à confiança aos próximos meses. O porcentual de empresas que preveem melhora nos negócios subiu, por exemplo, de 42,7% para 45,7% desde o mês passado, ao passo que a proporção que espera piora caiu de 14,8% para 9% do total.
O ponto negativo, observa Tabi, é que, embora tenha crescido, o uso de capacidade instalada na indústria de transformação segue em patamar muito baixo, o que pode conter a retomada aguardada nos investimentos. Aos 74,5%, a utilização das linhas de produção fecha o ano distante da média histórica de 80,4%. "Isso significa que ainda há muita ociosidade na indústria", diz a coordenadora da pesquisa.
Fonte: Estadão Conteúdo