A alta no custo da celulose, principal insumo do papel, nos últimos meses acertou em cheio o preço dos itens mais procurados para a volta às aulas. O aumento médio repassado pela indústria, cerca de 8%, foi absorvido pelas grandes papelarias, que encontraram formas alternativas para ganhar o consumidor que tem pesquisado cada vez mais os preços antes de comprar.
Conhecida por sua presença no mercado livreiro, a Saraiva é um bom exemplo dessa briga pelo cliente. De acordo com o diretor comercial da rede, Deric Guilhen, a empresa fez um esforço para não repassar os reajustes dos fabricantes. “Acho que a indústria fez um reajuste de preço, tanto as papeleiras quanto as editoras [no caso dos livros didáticos], mas a Saraiva, desde quando começou a volta às aulas, buscou alternativas para o cliente sem mexer no preço dos produtos. Temos cadernos de 96 páginas a partir de R$ 4,90, ainda mais baratos que no ano passado”, comentou.
Ao DCI ele contou que a operação de papelaria dentro da empresa, que trabalha também com eletrônicos, livros além de CDs e DVDs tem ganhado cada vez mais relevância, tenho registrado crescimento na receita e faturamento no último balanço operacional da empresa. Hoje são mais de 4 mil itens distintos destinados aos produtos de papelaria.
Quem também aposta nas vantagens para o consumidor para ganhar mercado é a gigante Kalunga. A empresa, que há alguns anos troca cadernos usados por descontos na compara de novos espera aumentar o volume da papeis antigos nas vendas para o volta às aulas deste ano. “Esses cadernos vão para a reciclagem e viram novos cadernos. Estamos com essa campanha a cerca de seis anos e ela cresce cada vez mais. O consumidor tem uma efetiva economia. Com três ou quatro cadernos velhos, você pode pagar um novo, e ajuda a preservar o meio-ambiente”, comenta o diretor comercial da Kalunga, Hoslei Pimenta.
A empresa concede R$ 1,50 em crédito para os consumidores a cada quilo (kg) do material usado, e o resultado já foi sentido. “Nosso faturamento entre os dias 1 e 15 deste ano foi 18,2% a mais que o previsto para o período em janeiro.”
Com faturamento para 2018 estimado em R$ 2,43 bilhões, avanço de 9% em relação ao ano anterior a Kalunga pretende abrir ao menos 20 operações em 2018, com aportes de cerca de R$ 60 milhões.
Maior procura
Segundo um levantamento realizado pelo Zoom, que atua como marketplace e comparador de ofertas, o preço total da lista de material escolar pode variar em até 708% na internet. “É importante pesquisar cada um dos itens, pois a diferença no final pode ser grande”, diz o CEO do Zoom, Thiago Flores.
Além do e-commerce, a variação do preço também pode ser verificada nas lojas físicas. Em São Paulo, por exemplo, os materiais escolares estão 9,25% mais caros, em média, segundo a Fundação Procon-SP. Dentre as categorias com maior importância na lista de materiais escolares, os cadernos de 96 e 200 páginas estão 17,94% mais caros, assim como o papel sulfite, que está 14,70% acima do valor visto no ano passado. Outros itens como lápis de cor (10,9%), lápis preto (8,5%), caneta esferográfica (6,8%) também acompanham esse avanço nos preços.
“Nós pesquisamos um total de 189 itens este ano, sendo que deles 136 são semelhantes aos itens da pesquisa do ano passado. Nessa amostra, houve alta de 9,25%, em média, o que é muito acima da inflação do mesmo período [2,95%]”, diz a supervisora da equipe de pesquisas da Fundação Procon-SP, Cristina Martinussi.
Segundo estima a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares e de Escritório (Abfiae), a lista de materiais escolares está cerca de 8% mais cara no Brasil; média quase em linha com o diagnosticado na cidade de São Paulo. Com a variação acentuada entre produtos de uma loja para outra, pesquisar é fundamental. “Nós verificamos que todos os anos há variações significativas de uma loja para a outra. A preocupação do Procon é que o consumidor tenha uma noção disso”, indica Cristina.
Fonte: DCI São Paulo