Recuperação econômica e câmbio relativamente estável favorecem crescimento dos gastos dos brasileiros no exterior e remessa de lucros e dividendos às matrizes.
Dados divulgados pelo Banco Central (BC) na última sexta-feira (26) mostraram que os gastos de brasileiros no exterior em viagens atingiram o maior patamar desde 2014, ao alcançar US$ 19 bilhões em 2017, um avanço de 31% ante 2016.
No mesmo período de comparação, os lucros e dividendos remetidos subiram 27%, de US$ 14,070 bilhões para US$ 17,857 bilhões. “A maioria das rubricas de Serviços têm apresentado crescimento de déficit, mostrando, de fato, que é disseminada uma maior demanda por serviços importados", diz o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha.
O pesquisador da área de Economia Aplicada do FGV IBRE, Livio Ribeiro, comenta que as contas de Serviços e Renda, o que inclui além das viagens e remessas de lucro, fretes por exemplo, tiveram mais saídas líquidas por conta da recuperação, justamente, da renda do brasileiro e do câmbio estável, o que favorece o planejamento em geral.
“A retomada da indústria pode ter levado a uma maior capacidade de geração de lucro. A remessa está no mesmo nível desde 2015”, explica. Na opinião do especialista, a tendência é de que essas saídas – gastos e remessas – sigam em alta neste ano, mesmo com uma possível instabilidade do câmbio ao longo do processo eleitoral.
De acordo com o boletim Focus, do BC da semana passada, é esperado pelo, mercado financeiro, taxa de câmbio de R$ 3,34 por dólar ao final de 2018. Em 2017, o câmbio fechou em R$ 3,31.
Conta corrente
No geral, as contas externas – que incluem os dados de Serviços e Rendas –fecharam o ano passado com um déficit de US$ 9,8 bilhões, o menor saldo negativo desde 2007, quando o País registrou saldo positivo de US$ 408 milhões.
Apesar dos déficits em Serviços de US$ 33 bilhões em 2017, contra saldo negativo de US$ 30 bilhões em 2016, além de alta de US$ 41 bilhões para US$ 42 bilhões na Renda, na conta financeira, houve ingresso líquido de investimento estrangeiro de US$ 70,3 bilhões, ou 3,42% do Produto Interno Bruto (PIB).
"Em geral, temos visto que não tem ligação imediata e direta do calendário eleitoral e essas questões de incerteza com o fluxo de investimento direto, isso é mais comum para outros fluxos mais voláteis, como nas ações", disse o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central.
Apesar das quedas de 2017, o BC projeta crescimento para 2018. Na avaliação de Rocha, o resultado de 2017 "é sólido e bastante significativo".
Os sinais de melhora ainda não devem ser sentidos em janeiro. Até o dia 24 desse mês, o investimento direto estava em US$ 2,4 bilhões. O BC estima que o mês feche com ingresso de US$ 3,5 bilhões no setor produtivo, valor abaixo de anos anteriores. Em 2017, que foi atípico, foram investidos US$ 11,5 bilhões no mês.
Fonte: DCI São Paulo