A recessão pegou a cabeleireira Gilda Barbosa da Silva, de 46 anos, no contrapé. Com duas obras em andamento e queda nas receitas por causa da movimentação menor no salão, ela teve de reduzir despesas do dia a dia. Trocou a marca do sabão em pó por uma mais barata, substituiu o azeite por óleo e a picanha por acém. “Foi um pavor”, lembra Gilda, que agora começa a respirar aliviada com os sinais de recuperação da economia.
O movimento no salão voltou a crescer; o rendimento do marido, que trabalha com peças automotivas, melhorou; e a filha, que estava desempregada, conseguiu uma recolocação. Ela lembra que a mudança começou no último trimestre de 2017 e continua positiva. “Hoje já voltei a consumir Omo (sabão em pó), azeite e picanha”, comemora a cabeleireira, que também planeja uma viagem para Alagoas com a família no fim do ano.
Gilda faz parte do grupo de famílias que conseguiram emergir da intensa crise econômica brasileira. Um levantamento feito pela consultoria Nielsen mostra que 22,2% dos lares conseguiram superar a recessão no ano passado. Para isso, as famílias tiveram de promover um forte ajuste no orçamento doméstico. Segundo a pesquisa, os gastos foram reduzidos em 25%.
“Esta crise foi um pouco mais sofrida do que as anteriores. Estamos falando de uma geração que consumiu produtos diferentes em anos passados, mas teve de cortar por causa da recessão”, diz a especialista em consumo da Nielsen, Mariana Morais.
A representante comercial Tatiana Arjona sentiu na pele os reflexos da crise. Parou de comer fora, trocou o café em cápsulas pelo café em pó, deixou de ir ao salão de beleza para fazer unha em casa e cancelou o plano de TV a cabo. Ela fechou uma empresa e passou a ser representante comercial ao lado do marido, Ivan. Nesse processo, a renda do casal caiu 40%.
Mas, de quatro meses para cá, a situação voltou a entrar nos trilhos e a renda familiar melhorou. “Hoje já consigo comprar o xampu de marca que sempre gostei, maquiagens e comer fora de casa”, diz ela. “O azeite, que tinha trocado por uma marca inferior, agora já é de mais qualidade. A situação melhorou bastante.”
Fonte: O Estado de São Paulo