Vendas no Dia dos Namorados sobem, mas resultado fica abaixo do esperado

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Considerado como uma das datas mais importantes para os comerciantes, o Dia dos Namorados representou para o setor do varejo, na comparação entre o ano passado e 2018, um avanço de 2,2% nas vendas. Mesmo com o resultado positivo, saldo foi aquém da expectativa de desempenho inicial (2,5%), e menor que o incremento obtido em 2017.

 

Os números, que fazem parte do balanço realizado pela empresa de análise de dados Boa Vista SCPC, também indicam que houve retração 0.4 ponto percentual (p.p.) na taxa de crescimento ante o ano de 2017, quando o incremento foi de 2,6%.

 

“Não chega a ser um resultado ruim, mas está atrás do que o setor registrou em datas comemorativas dos meses anteriores”, afirmou o economista da Boa Vista SCPC Flávio Calife, referindo-se ao avanço na atividade do varejo para os períodos de Dia das Mães (4%) e de Páscoa (3,2%).

 

De acordo com o economista, o comportamento do consumidor deve ser analisado tendo em vista a conjuntura econômica do País. Ele considera que fatores como a taxa atual de desemprego – 13,1% segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) –, a renda média do trabalhador estável, e o cenário político ainda incerto influenciam diretamente na intenção de compra.

 

Porém, um dos fatores macroeconômicos que puxaram o resultado positivo do setor na data, segundo Calife, foram as baixas taxas de inflação – 2,95% no acumulado de 12 meses em 2017.

 

Questionado sobre a influência da alta do dólar sobre o consumo no período, o economista afirmou que o valor da moeda americana não impactou as vendas “pois a oscilação é recente, mas que os preços para o ano que vem devem sofrer alta pelo fato de muitos produtos serem importados.”

 

Por fim, Calife considera que os segmentos do comércio que puxaram o crescimento do varejo foram os mercados de vestuário, calçados e perfumaria e eletroeletrônicos – os quais têm concedido melhores condições de crédito para o consumidor.

 

Vendas Parceladas

 

Segundo a economista da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) Marcela Kawauti, o Dia dos Namorados movimentou R$ 15,6 bilhões no varejo. No que diz respeito ao desempenho nas vendas parceladas realizadas no período, o estudo da CNDL aponta que as opções de pagamento à prazo apresentaram o primeiro resultado positivo dos últimos quatro anos de forte retração.

 

No acumulado entre os anos 2014 e 2017, o saldo negativo do varejo no Dia dos Namorados foi de -41,02%. Neste ano, porém, houve crescimento tímido de 1,63% nessa opção de pagamento. À título de comparação, nesta mesma categoria de compras parceladas, a Páscoa registrou incremento de 3,24% e o Dia das Mães 2,86% – o qual movimentou cerca de R$ 17 bilhões. Com perspectiva similar a do economista da Boa Vista SCPC, Marcela afirma que os itens mais procurados no período foram roupas (41%), produtos de perfumaria ou cosméticos (34%), calçados (22%) e jantares (18%) – sendo que o gasto médio com presentes foi de quase R$ 167.

 

Segundo a economista, as oscilações recentes no câmbio tiveram maior influência sobre os preços de produtos alimentícios e não afetaram o desempenho no setor nos preparativos para a data pois “a maioria dos lojistas adquiriram estoques antes da alta do dólar e a maioria dos consumidores resolve comprar o presente em cima da hora.”

 

Já em relação ao impacto do cenário político no desempenho do ano que vem, Marcela diz que “se tivermos um candidato extremista eleito, podemos ter um problema de mercado.” Além disso, de acordo com ela, embora o comércio tenha sofrido acentuado recuo nos últimos anos, o crescimento tímido neste ano pode ser interpretado como um sinal de recuperação gradual.

 

“A retomada na economia brasileira ainda é lenta, mas fatores principalmente como as taxas de juros mais baixas e os atuais níveis de inflação indicam essa melhora”, argumenta. A especialista também lembra que os preços devem ser pressionados pelo câmbio no ano que vem.

 

Para a realização deste balanço, que tem abrangência nacional, a empresa de tecnologia Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), analisa o número de consultas feitas ao banco de dados da entidade na semana anterior ao Dia dos Namorados.

 

Fonte: DCI

 


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