A alta do dólar e a conjuntura econômica do País fizeram com que, nos últimos dois anos, o segmento de suplementos alimentares amargasse uma retração de 30% no tíquete médio gasto por seus consumidores. Até o ano que vem, há perspectiva de que o downgrade seja de mais 20 pontos percentuais, chegando a 50% na queda de preços.
Os dados foram divulgados ao DCI pelo presidente da Associação Brasileira de Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri), Marcello Balla. "A demanda por produtos mais baratos vem crescendo muito nos últimos anos; entre o crise e a pós-crise, perdemos cerca de metade do tíquete médio", afirmou o representante da entidade.
De acordo com Balla, o segmento de suplementos alimentares ainda apresenta grande dependência de compras do mercado externo. "Entre 80% e 90% dos produtos comercializados no Brasil são dependentes de importação", observou. Ainda de acordo com ele, mesmo aquelas empresas que operam no País estão reféns da compra de matéria-prima externa para conseguir produzir.
Questionado sobre o impacto das oscilações do dólar no preço dos produtos do segmento, Balla estima que haverá aumento de 15% em todas as categorias de suplementos. Para ele, esse mercado está se recuperando de uma desaceleração nos últimos anos. "Nosso pico de crescimento foi em 2012, com 21% de avanço", diz. De acordo com os dados da Abenutri, em 2016, o setor teve incremento de 9% e, no ano passado, 12%.
Segundo estudos realizados pela empresa de pesquisa de mercado Euromonitor International, até 2022, o segmento de suplementos deve faturar algo em torno de R$ 5,5 bilhões - salto de 60% sobre 2017. Para esse ano, a estimativa de receita é de R$ 2,5 bilhões.
Atualmente, no País, existem mais de 11 mil pontos de venda de produtos desta natureza. No que diz respeito às empresas que compõem esse mercado, hoje, são cerca de 100 - sendo que 70% delas são brasileiras e 30% estrangeiras.
Em relação ao crescimento das vendas nos canais digitais, Balla afirma que a tendência é de que, até o ano que vem, metade da comercialização total do segmento seja feita via e-commerce. "Há cinco anos, as compras online representavam 17%. Hoje, já estamos em 40% de participação", afirmou.
Na prática
No caso dos comerciantes de suplementos, as estratégias foram aplicadas no desenvolvimento de embalagens menores e produtos com faixa de preço inferior. "A alta do dólar não afetou nossas vendas. O que percebemos é a migração dos clientes para produtos mais baratos", afirmou Adriano Faccio, proprietário da NutraFit Suplementos.
De acordo com Faccio - para acompanhar a mudança de hábito de consumo dos clientes devido a renda mais restrita e o câmbio ainda alto - a empresa desenvolveu uma linha própria de suplementos mais baratos e com menores dosagens. A marca - criada pelo executivo - teve início em 2015 e representa 45% das vendas totais da empresa. "Nossa meta é chegar a 70% de participação", explicou Faccio, lembrando que não tem atendido tanto o público pertencente à classe C por falta de demanda.
Outra empresa que sentiu a transição do público para outra categoria de preço foi a Supley Laboratório - detentora da marca Max Titanium. "Em certas classes de produtos, percebemos uma migração de até 50%; em outras, porém, em torno de 10%", afirma o CEO do negócio, Alberto Moretto.
Com um portfólio de 120 produtos diferentes, o empresário afirma que o faturamento para 2018 está previsto em R$ 250 milhões, estimativa que não deve ser afetada pelo câmbio, segundo Moretto. O executivo menciona que, entre regiões do País, o Nordeste foi a que apresentou maior demanda nos últimos dois anos.
Fonte: DCI