O consumidor brasileiro ainda se mantém reticente à perspectiva de melhora da economia brasileira. O termômetro que mede esse humor é um estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que reportou uma queda de 4,8 pontos neste mês frente ao mês de maio, atingindo 82,1 pontos – o pior nível desde agosto de 2017.
Segundo a pesquisa, batizada de Índice de Confiança do Consumidor (ICC), os brasileiros de todas as classes de renda, pelo terceiro mês consecutivo, apresentam cautela quanto aos gastos futuros. O destaque ficou com a faixa de compradores com rendimentos entre R$ 2.100 e R$ 4.800, que registrou recuo de 4,5 pontos entre os períodos de maio e junho.
Já a menor variação foi verificada nos indivíduos com ganhos acima de R$ 9.600, queda de 1,7% na mesma base de comparação.
“O que acontece é um aprofundamento da situação atual, questão que está diretamente ligada ao mercado de trabalho. Com isso, vemos uma redução na compra de bens duráveis”, afirmou a coordenadora da Sondagem do Consumidor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV), Viviane Seda. O indicador aponta que a intenção de compra nessa categoria de produtos registrou retração de 3,8 pontos, chegando a 77,6 pontos – mesmo nível verificado em agosto de 2017.
De acordo com a especialista, para o segundo semestre, esse cenário ainda deve se manter estagnado em razão dos altos níveis de desemprego e cenário eleitoral turbulento. Viviane pondera, no entanto, que a liberação do fundo PIS-Pasep pode “suavizar” os reflexos do “mau humor” do consumidor no desempenho do varejo para o segundo semestre. “Não esperamos uma reversão completa, mas essa liberação de recursos deve suavizar os efeitos dessa queda”, afirmou Viviane ao DCI.
Ainda segundo a especialista, os sinais de melhora “efetiva” no comércio devem surgir no médio prazo, especialmente após definições com a conclusão das eleições.
No que diz respeito ao panorama geral, o estudo da FGV indica uma redução de 4,6 pontos no grau de satisfação do consumidor com a economia brasileira em junho, atingindo o mesmo patamar verificado em setembro do ano passado (77,4 pontos).
Com relação à situação financeira, o sentimento de pessimismo é o mesmo. Segundo a pesquisa, a satisfação dos consumidores com as próprias finanças apresentou retração de 5,9 pontos, resultando em 66,8 pontos no total – valor que não era visto desde outubro do ano passado.
Nesse sentido, as expectativas das famílias brasileiras sobre os próximos seis meses também foram influenciadas pelo clima de desânimo frente ao cenário econômico e político do País. O balanço demonstra que houve recuo de 4,5 pontos, para 102,9 pontos – o menor patamar desde dezembro de 2016.
Fonte: DCI