Diante de um base de comparação muito baixa, o varejo brasileiro deverá crescer 3,6% este ano, segundo projeção da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). A alta, no entanto, esconde uma retomada ainda muito incipiente e que poderá, ou não, ser sustentada mediante ao cenário político.
De acordo com o presidente da entidade, Alencar Burti, o número é motivo para se comemorar, mas ao mesmo tempo pede cautela. “Considerando-se que essa tem sido a recuperação econômica mais lenta da nossa história, e também os percalços provocados pela paralisação dos caminhoneiros, é um aumento importante, maior do que o do ano passado. Mas o cenário é muito instável, principalmente o político-eleitoral. Muita coisa pode mudar até o fim do ano”.
De acordo com a métrica adotada pela Associação Comercial, o avanço de 3,6% esperado para 2018 se refere ao varejo restrito, que exclui automóveis e material de construção. O resultado também caracterizaria a segunda alta anual consecutiva do comércio brasileiro, que no passado subiu 2,1%. Por outro lado, os dois resultados positivos não recuperam as perdas de 2016 e 2015, quando o setor caiu 6,3% e 4,3% respectivamente.
Incógnita presidencial
Quando questionado sobre o desempenho do setor para o próximo ano, Burti afirma que não dá para fazer projeções, pois a disputa eleitoral e o nervosismo do mercado tornam qualquer palpite inviável. “Não dá para falar nada sobre 2019, pois o leque das eleições está muito aberto”, conta ele.
De opinião similar partilha a especialista em varejo, Renata Caramante Lins. Para ela, a polarização eleitoral deverá continuar ao longo do ano que vem, que poderá inibir um crescimento mais robusto do setor. “Com o País dividido, independente de quem ganhe o pleito, uma parcela significativa da população ficará insatisfeita e desconfiada”, antecipa.
Fonte: DCI