O Fundo Monetário Internacional (FMI) alerta que um acirramento da guerra comercial pode prejudicar de forma importante a atividade econômica de todo o planeta e, no cenário mais negativo, reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) em US$ 430 bilhões em 2020, o equivalente a uma retração de 0,5% da expansão do PIB em relação ao cenário-base esperado para aquele ano. Na América Latina, esse impacto poderia no pico tirar 0,6% da expansão do PIB da região, de acordo com relatório divulgado na reunião do G-20, o grupo dos países mais ricos do mundo, em Buenos Aires.
No estudo de recomendações de políticas econômicas aos membros do G-20, o FMI dedicou um anexo para traçar quatro cenários e estimar os efeitos de uma guerra comercial. Em um deles, se todos os aumentos de tarifas prometidos pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entrarem em vigor, o PIB mundial teria redução de 0,1% em 2020 em relação ao cenário-base traçado para aquele ano. Caso a guerra comercial provoque uma crise de confiança dos agentes, essa queda poderia se ampliar para 0,5%.
Em entrevista coletiva ontem no começo da reunião, a diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde, alertou para os impactos significativos da guerra comercial. "Tensões comerciais já estão deixando uma marca, mas a extensão do estrago vai depender do que os governos farão em seguida", escreveu ela em seu blog, citando que indicadores recentes sinalizam queda das exportações na Ásia e Europa e piora dos níveis de confiança em alguns países exportadores de carros, como a Alemanha.
O estudo do FMI mostra que os EUA seriam uma das economias mais afetadas do planeta por uma guerra comercial, justamente por ser a maior do mundo. A estimativa é que a expansão do PIB dos EUA poderia ser 0,6% menor do que o cenário-base em 2019 e 0,3% em 2020, considerando que Trump coloque sobretaxas no aço, veículos e em US$ 50 bilhões de produtos chineses e estes países adotem retaliações no mesmo patamar. Nos últimos dias, porém, Trump tem falado de adotar ainda mais tarifas sobre produtos chineses. (Altamiro Silva Junior, enviado especial)
Fonte: Broadcast