Em janeiro, endividamento voltou a crescer, diz BC. Dos brasileiros que usam cartão, 20% entendem que ele é complemento da renda. Com o mercado de trabalho enfraquecido, famílias brasileiras estão se endividando mais para cobrir o orçamento.
O combustível era despesa para o cartão de crédito, mas, de tanto andar na reserva da conta bancária, o motorista Rafael Rodrigues acabou a pé. “Tive que vender para pagar dívidas, dívidas de cartão. O cartão eu dei um jeito de salvar porque a gente fala que não precisa, mas no final não tem como”, disse.
Dos brasileiros que usam cartão, 20% entendem que ele é um complemento da renda. O Rafael não saí sem o dele nem para uma refeição rápida. A conta de R$ 3 da coxinha com suco de manga foi para a fatura.
“O salário não dá, a gente usa uma boa parte do salário para poder pagar conta e o que sobra é o cartão de credito para a gente jogar a dívida de hoje para o mês que vem”, falou o motorista. “No crédito, no débito, a partir de R$ 5 a gente passa no cartão. O pessoal fala que estava nessa crise, aí muita gente não tem o dinheiro e só tem o cartão”, diz o pipoqueiro.
As famílias brasileiras estão mais endividadas, é o que mostra o último dado do Banco Central: 23% do que recebem estão comprometidos. Foi em janeiro que o endividamento voltou a crescer. Em 2017, ele estava em queda.
“O que não é normal é observar que a renda dos indivíduos e das famílias, que deveria ser suficiente para a sobrevivência dos indivíduos e das famílias, não dá conta. Mais preocupante é quando elas recorrem a cartão de crédito ou cheque especial, que tem altíssimas taxas de juros, para conseguir fazer compras de itens básicos de sobrevivências”, afirma Alberto Ajzental, professor de economia da FGV.
São itens básicos que os brasileiros estão mais comprando. Na comparação anual, aumentou muito o consumo de alimentos e bebidas, artigos pessoais, domésticos e farmacêuticos, além de perfumaria. Enquanto a compra de móveis e eletrodomésticos, recuou.
Na linguagem popular, é vender o almoço para pagar a janta. Mais um motivo de atraso para a recuperação econômica.
“Na medida em que a renda está corroída dessa forma, que ela nem conseguem custear a sua sobrevivência, você tem uma transferência de renda enorme de consumo e investimentos para pagamento de juros”.
Fonte: G1 (Jornal Nacional)