Com a perspectiva de crescimento nas vendas revisada para baixo e um cenário eleitoral ainda nebuloso, os varejistas devem pisar no freio na contratação de temporários neste Natal. Para este ano são esperados 72,7 mil postos abertos, uma redução de 41% ante aos 128,3 mil contratos de curta duração realizados em 2013.
O dado, que faz parte de um estudo realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), indica que no Natal de 2017, houve a contratação de 73,9 mil trabalhadores sob o regime de curta duração. Em 2018, a estimativa é de uma queda de 1,7%, em um movimento que ainda reflete as incertezas da economia e da política.
Para o chefe da divisão econômica da CNC, Fábio Bentes, um dos principais fatores que corroboraram para essa previsão negativa foi o desaquecimento das vendas do setor varejista – cenário que vem se verificando desde a paralisação dos caminhoneiros, no mês de maio.
“Mesmo sendo um investimento de curto prazo, a contratação não deixa de ser um investimento. Assim, o varejo deve acompanhar o comportamento das vendas como um indicador”, afirmou Bentes. Além disso, ele destaca que, como consequência, a taxa de efetivação de funcionários temporários deva ser em torno de 18% – 5 pontos percentuais a menos que em 2017.
“A tendência é que o empresário segure até o último minuto para efetuar alguma contratação”, avalia o fundador da consultoria de varejo Telos Resultados, Luiz Muniz. Para ele, a combinação entre o alto nível de ociosidade no varejo e a instabilidade no cenário eleitoral resulta em um bloqueio natural do processo de contratação.
Quando o assunto são as vendas, o indicador também não é animador. Para este ano a previsão é que a principal data do varejo movimente R$ 34,4 bilhões. A cifra, que é 2,3% maior que em 2017, mostra uma desaceleração quando comparado ao crescimento frente a 2016 (+2,7%).
Cadê o emprego?
Entre as 72,9 mil vagas previstas para este ano, os segmentos de vestuário e de supermercados respondem por 80% das contratações temporárias. “O setor têxtil costuma se beneficiar no Natal. Em média, as vendas quase dobram em relação ao mês anterior. Isso ocorre porque é um dos segmentos mais democráticos que existe, com produtos para todas as classes sociais”, disse Bentes.
Tentando manter o otimismo, a diretora administrativa da rede de perfumarias Soneda, Luciana Kamachi, vê possibilidade de alta de 8% nas vendas para o período do Natal. Segundo ela, “mesmo que as eleições possam gerar algum tipo de insegurança”, na prática os consumidores devem ir às compras. “A expectativa é que as contratações para esse período sejam de 10% a 15% em cada unidade da rede”, disse ela. Luciana lembra que a taxa de efetivação desses “temporários” é de 3% a 5%. A última edição da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) apontou o segmento de perfumarias como um dos que mais cresceu – com alta de 5,5% nas vendas de julho deste ano em relação ao mesmo mês de 2017.
Fonte: DCI