À espera do Natal, o período mais importante no calendário do varejo nacional, os comerciantes da região da Rua 25 de Março adotam como estratégia central, para não perder a venda, a negociação individual entre vendedor e cliente em busca de descontos.
"Para este Natal, não fizemos promoções. O que geralmente acontece é que, dependendo da negociação e das condições, há um desconto individual para o cliente. Nosso foco é não perder o consumidor e, para isso, nossa arma é investir no atendimento", disse a vendedora da Eva Store, Regiane de França.
Segundo ela, em relação ao ano passado a previsão é que o movimento no negócio tenha queda, assim como o tíquete médio dos clientes. "Vemos uma melhora na confiança do consumidor, mas não é no nível que esperávamos. Novembro [em termos de venda] está melhor que outubro, mas ainda abaixo do que foi 2017", afirmou a vendedora, destacando que o estoque de produtos de menor valor foram os que tiveram maior abastecimento.
"Como algumas importadoras fecham em novembro, buscamos abastecer o máximo possível esses itens para o período, até por que muitos clientes compram esses produtos de menor valor em grandes quantidades", argumentou a vendedora.
Em linha com a perspectiva de Regiane, a vendedora Jamile Souza, da loja Eva Decor, afirmou que outra estratégia adotada para fisgar os clientes é a venda casada. "A partir do momento que o consumidor fecha a compra de um produto, nós indicamos outro item que talvez ele precise e não tenha visto", afirmou ela, destacando que os itens de decoração são os que mais apresentam alta nas vendas.
Ainda sobre o ajuste no posicionamento do negócio, Jamile disse que houve também a inserção de novas linhas de produtos feitos com materiais de melhor qualidade - como por exemplo quadros com aço galvanizado. "Com isso, dificilmente o cliente costuma levar apenas um quadrinho, geralmente compra de três a quatro painéis diferentes", conclui.
Nesse sentido, para o fundador da consultoria de varejo Telos Resultados, Luiz Muniz, em ambos os posicionamentos - venda casada e negociação individual com cada cliente - o lojista pode garantir faturamento sobre o volume de itens comercializados, uma vez que os comerciantes da região da Rua 25 de Março já trabalham com uma margem de lucro reduzida no geral.
"Apesar de ser o Natal das lembrancinhas, os lojistas estão encontrando formas de acelerar as vendas. O consumidor que se desloca para essa região busca ‘resolver a vida' em um único lugar, fazendo já a compra de todos os presentes", diz Muniz, mencionando o fato de que, a partir disso, é importante que o lojista diversifique a oferta de itens.
Outro aspecto apontado pelo especialista, dessa vez no âmbito macroeconômico, é o efeito das altas taxas de desemprego e endividamento da população brasileira, que pode afetar a disposição dos consumidores a gastarem mais nessa época. "Todos esses indicadores têm influência direta sobre a confiança do consumidor, embora que o término das incertezas eleitorais possam ajudar no crescimento e retomada das vendas do comércio", complementou Muniz.
Diferentemente da percepção negativa dos outros lojistas, o gerente geral das lojas Armarinhos Fernando, Ondamar Ferreira, afirmou que começou a perceber um aumento nas vendas a partir do segundo semestre - representando uma melhora em comparação ao mesmo período do ano anterior.
"Os artigos natalinos de decoração são os que têm maior procura, como árvores, bolinhas, os pisca-pisca, enfeites no geral. Aumentamos nosso estoque para melhorar as vendas", afirmou Ferreira. Ainda de acordo com ele, o tíquete médio do negócio está em torno de R$ 60 e R$ 65.
"Percebemos o consumidor um pouco mais confiante e em busca de preços mais baixos. Até mesmo para impulsionar uma venda maior e de forma atacada, concedemos descontos pontuais para esses clientes", complementou ele.
Do lado de cá do balcão
Na perspectiva da consumidora Edelmeri Trevissan, houve aumentos significativos de preços em algumas categorias de produtos em relação ao ano passado. "Viemos, em 2017, fazer as compras de Natal. Os preços aumentaram 50% em alguns casos. Não diminuímos muito a quantidade de presentes para este ano, mas pesquisamos mais os preços", argumentou Edelmeri.
Ela conta que, em virtude da alta de preço, resolveu apenas comprar ‘lembrancinhas' para os familiares. "A gente percebe que, a cada ano que passa, os presentes diminuem de tamanho e de qualidade", disse. Ainda de acordo com ela, há quatro anos, a possibilidade de presentear familiares e amigos era maior com produtos de melhor qualidade e preços "preços mais em conta". "Esse ano, a árvore de Natal também deve ser menor", complementou a consumidora.
Fonte: DCI