As discussões sobre a reforma da Previdência Social no Congresso devem provocar volatilidade da bolsa de valores brasileira (B3) durante os próximos meses.
Nas últimas semanas, o Ibovespa reagiu positivamente às notícias sobre as mudanças do sistema de aposentadorias. A expectativa até então era de que o governo pudesse acelerar a aprovação de uma reforma, ao se valer de todo o processo de tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241.
Contudo, no último dia 5, o chefe da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a tramitação precisará seguir o rito tradicional, ou seja, ter o aval da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e depois ser aprovada por uma comissão especial.
O mercado chegou a reagir negativamente à notícia, diante das incertezas com relação à celeridade da aprovação da reforma, afirma o sócio e economista-chefe da Modalmais, Alvaro Bandeira.
Ele pontua, porém, que este foi um fator de menor relevância na queda da bolsa ontem. A B3 recuou 3,74%, para 94.635,57 pontos, após cinco dias em alta. Segundo Bandeira, isso ocorreu mais em decorrência dos dias consecutivos de aumento, das complicações envolvendo a Vale – o que puxou para baixo as ações dos bancos –, além das oscilações do preço do petróleo no mercado externo.
De qualquer forma, a expectativa é de que o processo de discussão da reforma da Previdência provoque volatilidade na bolsa. “Se há alguma certeza que eu posso apontar é de que teremos volatilidade na B3 durante a tramitação da reforma da Previdência, como aconteceu em outros momentos. Não tem como escapar. Mas essas idas e vindas na bolsa é algo natural nesse contexto”, comenta Felipe Bevilacqua, gestor da Levante Investimentos.
Altas e baixas
A volatilidade nos próximos meses estará mais relacionada com o noticiário do que com uma incerteza sobre uma aprovação ou não da reforma. “Hoje a reforma tem muito mais apoio político do que durante o governo Temer”, diz Bevilacqua. “As altas e baixas se darão mais por conta das notícias do processo de tramitação: o dia em que um ponto importante for retirado do texto, deve ter queda; o dia em que algo bom for mantido, deve ter alta”, exemplifica.
O economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, reforça que haverá volatilidade em relação à “forma e ao conteúdo” da reforma. Além disso, ele considera que o mercado financeiro superestimou a possibilidade de uma tramitação mais rápida e ao vazamento de uma proposta mais dura.
Segundo Vieira, o mercado deve “cair na real” e entender que esta não é uma situação desastrosa. “O Congresso acabou de se formar. Ainda precisa entender o que é essa Câmara e o Senado; como serão as comissões de discussão”.
Por fim, Mathias Fischer, diretor de estratégia e inovação da Meu Câmbio, afirma que o dólar pode operar em alta nos próximos meses, em dias em que houver alguma flexibilização na reforma. “Porém, se tudo der certo, a tendência é que o real se valorize em relação ao dólar”, conclui Fischer.
Fonte: DCI