Os ativos voltados para os mercados de ações e de debêntures terão retornos maiores com a aprovação da reforma da Previdência. A expectativa de um novo corte na taxa básica de juros também abre espaço para maior diversificação em fundos de investimentos.
A perspectiva de novos cortes na taxa básica de juros (Selic) nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) já tem trazido novas movimentações em busca de risco. Dentre os principais ativos citados, papéis da Bolsa de Valores ganham destaque, bem como os fundos de ações, multimercados e o mercado de debêntures.
“A curva futura de juros para o primeiro trimestre de 2020 já bate os 5,5% ao ano [contra os 6,5% da taxa atual] e tem se traduzido em ativos de maior risco na diversificação. Em um cenário de aprovação da Previdência, isso vai se intensificar”, comenta João Orsi, da mesa de assessoria da Terra Investimentos.
Só no primeiro semestre o Ibovespa valorizou 14,9% ante o fechamento do último pregão de 2018, saindo de 87.887,27 pontos para 100.967,20 em 28 de junho. De lá pra cá, o índice subiu outros 2,9%, encerrando a sessão de ontem aos 103.855,53 pontos.
Segundo a gerente da Ativa Investimentos Laurita Utrabo, porém, mesmo que o mercado já tenha precificado grande parte dos ativos, ainda existem oportunidades e muito espaço para prêmios maiores.
“Principalmente porque a sinalização do governo é de que a Previdência é apenas o início. Muitas outras reformas e medidas ainda serão implementadas na sequência e isso não apenas melhora a rentabilidade como também abre as portas para a chegada do capital estrangeiro”, afirma.
A reforma da Previdência foi aprovada no primeiro turno pela Câmara dos Deputados no último dia 12. Com o recesso dos parlamentares iniciado hoje, porém, a votação em segundo turno ficou apenas para o próximo dia 6 de agosto.
Crédito privado
O mesmo otimismo que movimentou o mercado acionário nos últimos meses também tem trazido boas expectativas para o mercado de crédito privado. “Acompanhando esse ambiente positivo, muitas debêntures incentivadas começam a despontar e propor desempenhos interessantes. Isso ainda deve dar uma guinada, principalmente com todos os projetos de infraestrutura que estão por vir”, destaca Utrabo.
Para o diretor comercial da Easynvest, Fabio Macedo, no entanto, é importante ressaltar que grande parte da antecipação dos movimentos do mercado tem ignorado a atual situação da economia e “vivido em função da reforma da Previdência” nos últimos meses.
“A simples sinalização positiva para aprovação concreta da reforma já fez com que o mercado se movimentasse e, nesse sentido, continuaremos a ver patamares expressivos na Bolsa. Mas vale destacar que a economia concreta ainda não apresentou um crescimento interessante e isso ainda limita a busca por recursos das empresas no mercado de capitais”, acrescenta o executivo.
Os últimos dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) apontam que o número de emissões cadastradas na instrução 476 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) caiu 6,4% no primeiro semestre deste ano contra igual período de 2018, de 140 para 131 ofertas.
O volume captado por essas companhias, por outro lado, registrou um avanço de 4,9% na mesma base de comparação, de R$ 76,659 bilhões para um total de R$ 80,434 bilhões.
“O Brasil está bem posicionado em termos de investimentos. Muitos investidores aproveitaram o rally da Bolsa até agora e a expectativa é de que esse movimento continue”, diz o diretor de relacionamento com clientes do Grupo Ourinvest, Roberto Politi.
Fonte: DCI