Dados da atividade econômica até maio mostram que a economia brasileira continua andando de lado, cenário que, para especialistas, indica urgência de medidas que estimulem renda e emprego.
“Estamos com 13 milhões de desempregados no País e mais de 6 mil obras públicas paradas que poderiam ser retomadas para estimular criação de postos”, diz Claudio Considera, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE).
“A reforma da Previdência Social reduz o impacto fiscal para os próximos 10 anos, mas não resolve o problema do emprego. As pessoas precisam ter melhores condições para sobreviverem até lá”.
O Monitor do Produto Interno Bruto (PIB) da FGV mostrou que a economia caiu 0,8% no trimestre móvel encerrado em maio de 2019, contra o trimestre finalizado em fevereiro, mas cresceu 0,5% em maio deste ano, em relação ao mês de abril.
Considera afirma que essa expansão não indica uma mudança de rota da atividade para um cenário mais positivo, tendo em vista que o crescimento em maio ocorreu em cima de uma base de comparação muito baixa. “Não está tendo retomada. A economia está andando de lado”, comenta o pesquisador da FGV.
Apesar disso, ele espera que o PIB do segundo trimestre avance entre 0,1% e 0,4%, o que, portanto, traria uma recuperação da queda de 0,2% vista no primeiro trimestre, contra o quarto trimestre de 2018.
“Se as projeções de crescimento do PIB de 2019 se confirmarem em torno de 0,8%, isso significa que a taxa do PIB per capita [por pessoa] do País ficará negativa em 0,1%”, estima o pesquisador da FGV.
Dados da instituição mostram que no trimestre móvel encerrado em maio, contra o trimestre findo em fevereiro, a agropecuária (-1,2%), a indústria (-1,4%) e os serviços (-0,4%) tiveram queda.
Do lado da demanda, consumo (+0,2%) e investimentos (+0,2%) tiveram expansão muito fraca, enquanto o consumo do governo veio negativo (-0,4%). As exportações, por sua vez, vieram com queda de 5,2%, enquanto as importações marcaram alta de 2,4%, mostra o Monitor do PIB.
Já em maio contra abril, o desempenho foi melhor. Enquanto a agropecuária (+1,3%) e a indústria (+0,6%) avançaram, os serviços ficaram estáveis, assim como o consumo das famílias na via da demanda. Já a formação bruta de capital fixo (FBCF, investimentos) aumentou 1,5%, ao passo que as compras do governo caíram 0,4%. No período, a exportação (-0,6%) também ficou negativa, enquanto a importação cresceu 5,1%.
Pouco consumo
Professor de economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Agostinho Pascalicchio também avalia que os números não indicam maior tração econômica. “Preocupa muito o desempenho dos serviços, já que eles são a maior parcela do nosso PIB [73,3%]”, destaca. “O consumo tem sido pouco estimulado, o que, indica que não há elementos que possam alavancar a economia no curto prazo”, complementa.
Pascalicchio critica também que a política econômica do governo federal tem focado só em reformas do lado da oferta que, apesar de importantes, não geram expansão para os próximos quatro meses.
Fonte: DCI