O mercado aposta em papéis de comércio, varejo e do setor financeiro nas carteiras para agosto. Com as atenções voltadas para o cenário doméstico e certa aversão ao risco internacional, a expectativa é de continuidade de ganhos na bolsa de valores brasileira.
O corte de juros tanto pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) como pelo Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos corroboraram para um maior foco no ambiente doméstico calcado, principalmente, pela retomada da atividade econômica no País.
Segundo o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, diferente de julho, onde o mercado se voltou para o cenário internacional, a volta do recesso parlamentar e a consequente aprovação da reforma da Previdência dará fôlego aos papéis de varejo.
“Essa transmissão para a economia, porém, não é automática e, por isso, a demanda do consumidor será apenas pelo essencial. Por isso talvez tenhamos um foco nos setores elétrico e de comércio e varejo”, avalia.
Dentre as sete carteiras avaliadas pelo DCI, porém, o papel mais citado foi o do Bradesco, com quatro menções. O papel encerrou julho cotado em R$ 34,50, montante 8,3% inferior ao observado no início do mês passado, quando era de R$ 37,61.
À exceção dos papéis da B3, porém, todos os maiores bancos do País registraram queda. As cotações do Banco do Brasil caíram 8,7% na mesma relação, de R$ 53,88 para R$ 49,22. Em seguida vieram as units do Santander, que recuaram 5,7% (de R$ 45,46 para R$ 42,85) e as ações do Itaú, que perderam 3,5% na mesma base de comparação, de R$ 36,08 para R$ 34,82.
“A recomendação vem porque há muito desconto em relação ao que chamamos de preço justo”, explica o analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila. “Os balanços não vieram ruins e muito do que aconteceu pode ter sido apenas uma realocação de carteira e realização de lucros. A tendência é que haja retorno e uma recuperação dos bancos em agosto”, complementa.
Outros papéis também citados pelas corretoras foram Petrobras, Gerdau, IRB, Tim, Usiminas, Pão de Açúcar e BR Malls, todos com duas menções cada. As carteiras analisadas foram da Coinvalores, Planner Corretora, Terra Investimentos, BTG Pactual, Toro Investimentos, Guide Investimentos e Ativa Investimentos.
Risco internacional
Ao mesmo tempo em que as expectativas para o ambiente doméstico são positivas, os especialistas reiteram a necessidade de atenção aos acontecimentos internacionais.
“Na parte externa, o cenário está mais desafiador, tanto pela economia mundial, como em relação à guerra comercial entre China e Estados Unidos como pelo próprio Brexit. Isso ainda pode significar uma nova aversão ao risco e um impacto forte nas commodities”, afirma a analista-chefe da Coinvalores, Sandra Peres.
A recomendação também é de cuidado redobrado em ativos que possam ser influenciados pela cotação do dólar, do petróleo, do minério de ferro e das demais commodities.
“São papéis que, no curto e médio prazo podem ser mais perigosos. Olhamos o exterior de perto, mas por aqui, a reforma da Previdência é um bom gatilho para a entrada de fluxo e para uma tendência de alta do Ibovespa”, diz o chefe de análise da Toro Investimentos, Rafael Panonko.
Investidor cauteloso
Aos investidores mais cautelosos, o estrategista da RB Investimentos, Daniel Linger, também destaca uma “recalibração” das carteiras para ativos mais arriscados. “Os avessos ao risco precisarão aumentar a exposição em crédito privado, por exemplo, para manter a rentabilidade. Fundos multimercados e imobiliários são uma opção”, diz.
Fonte: DCI