Produto não deve pressionar mais inflação a partir de março, diz Ipea

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O efeito da peste suína na China sobre os preços das carnes no mercado brasileiro deve atingir seu pico em dezembro deste ano, quando o produto pode ficar 9,1% mais caro no varejo, segundo projeções divulgadas ontem pelo Instituto de Pesquisa Económica Aplicada (Ipea).

Essa pressão vai elevar o índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 0,58% em dezembro, a maior taxa para o mês desde 2015 (0,95%). O efeito, porém, começará a se tornar cadente no início do ano que vem. Em março de 2020, os efeitos devem estar dissipados.

"Os impactos sobre a inflação devem desaparecer em março, mas os preços das proteínas não devem ceder, devem estacionar em um nível elevado", disse José Ronaldo de Castro Souza Júnior, diretor de Estudos e Políticas Ma-croeconômicas do Ipea.


Os preços das carnes subiram nos últimos meses devido à maior demanda externa. Com a peste suína africana reduzindo a produção na China, o país asiático passou a demandar mais carnes do mundo. Isso elevou as exportações brasileiras.

De acordo com o IBGE, o quilo das carnes (bovina e suína) teve em novembro deste ano o maior aumento de preço desde novembro de 2010, considerando todos os meses da série. Na média dos diferentes cortes, o avanço foi de 8,09% no mês.


O cenário adverso para o preço do alimento provocou uma revisão na expectativa do Ipea para o IPCA deste ano, para 3,70%, de 3,55% anteriormente divulgada. O resultado mantém o índice abaixo do centro da meta de inflação, de 4,25% neste ano.

Com a pressão menor das carnes, a inflação dos alimentos devem crescer menos no ano que vem, nas projeções do Ipea. Na média, os alimentos devem ficar 3,7% mais caros em 2020, abaixo da taxa de 4,2% projetada para este ano. A boa safra agrícola explica parte disso.


Divulgado ontem, o documento "Visão Geral de Conjuntura" do Ipea prevê que o Pffi brasileiro deverá crescer 0,4% no quarto trimestre deste ano, em relação aos três meses anteriores. O resultado
será puxado pelo consumo das famílias, com avanço de 0,8%.

Para os pesquisadores do Ipea, indicadores da atividade econômica de novembro devem mostrar acomodação da produção da indústria, (queda de 0,5% ante outubro), mas crescimento do volume de vendas do varejo (0,4%) e estagnação de serviços.


"A liberação de recursos do FGTS foi um importante ponto de quebra na dinâmica do crescimento do consumo das famílias. Somando-se as seguidas revisões para baixo da expectativa de inflação, formou-se um quadro positivo para o consumo das famílias", avaliou.


O Ipea revisou para cima sua projeção de crescimento do PIB em 2019 (de 0,8% para 1,1%), de modo a refletir em parte a surpresa positiva com o desempenho da economia no terceiro trimestre. A expectativa para alta do PIB de 2020 foi elevado de 2,1% para 2,3%.

"A economia está crescendo de forma mais robusta. Se conseguirmos aprovar mais rapidamente as reformas e melhorar mais fortemente a confiança, o país poderá crescer até mais do que 2,3%", disse o diretor, durante entrevista cole-tiva no escritório do Ipea, no Rio.

 

 

Fonte:  Valor Econômico 


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