O Banco Central (BC) reconheceu que a retração da demanda por conta do coronavírus tem efeito que tende a ser “bastante significativo” para a política monetária por conta do impacto na economia e que, para compensá-lo, seria necessário cortar os juros para além da redução de 0,5 ponto levada a cabo na semana passada.
Mas, em ata do Comitê de Política Monetária (Copom) publicada ontem, o BC apontou que o cenário para os juros estruturais é outro com a disseminação da Covid-19, o que justificou sua opção por indicar que o novo patamar da Selic, de 3,75%, é adequado por ora.
“A possível interação entre a deterioração do cenário externo, com frustrações em relação à continuidade das reformas e possíveis alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas, pode ameaçar a queda dos juros estruturais observada nos últimos anos”, trouxe a ata.
“Em vista dessa percepção, o Comitê ponderou que uma redução da taxa básica de juros além de 0,50 ponto percentual poderia tornar-se contraproducente e resultar em apertos nas condições financeiras, com resultado líquido oposto ao desejado”, acrescentou.
No documento, o BC defendeu que essa sinalização é baseada nas informações disponíveis até o momento. Novos dados sobre a conjuntura econômica serão “essenciais” para a autoridade monetária definir seus próximos passos.
Na semana passada, o BC cortou a Selic em 0,5 ponto, à sua nova mínima histórica, aumentando o ritmo de afrouxamento monetário em resposta aos impactos econômicos com o coronavírus, mas já indicando que este deve ser o novo nível dos juros básicos daqui para frente.
Esta foi a sexta redução consecutiva da Selic e veio após corte de 0,25 ponto em fevereiro.
Na ata, o BC reconheceu que, ainda que a redução da Selic tenha efeitos limitados em relação ao estímulo à demanda neste momento, “os mesmos serão relevantes para acelerar a recuperação econômica, quando as restrições impostas pela pandemia começarem a arrefecer”.
O BC também frisou que seu balanço de riscos atualmente tem variância maior do que a usual, o que “não necessariamente implica gradualismo na condução da política monetária, mas que a magnitude das próximas decisões de política monetária esteja sujeita a maior incerteza”.
A autoridade monetária reiterou que vai continuar fazendo uso de todo o seu arsenal de medidas de políticas monetária, cambial e de estabilidade financeira no enfrentamento da crise.
Fonte: Diário do Comércio