Os analistas do mercado financeiro baixaram, pela décima semana seguida, a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e revisaram para baixo sua estimativa para a inflação, que ficou abaixo do piso do sistema de metas, de 2,5%.
Também passaram a prever um novo corte no juro básico em meados de junho. Para os analistas, a Selic deve chegar ao fim de 2020 em 3% ao ano. Atualmente, a taxa está em 3,75% ao ano.
As projeções fazem parte do boletim de mercado, conhecido como relatório "Focus", divulgado nesta segunda-feira (20) pelo Banco Central (BC). Os dados foram levantados na semana passada em pesquisa com mais de 100 instituições financeiras.
Para o PIB de 2020, a nova previsão dos economistas consultados é de queda de 2,96%. No relatório anterior, que foi produzido com base em consultas feitas na semana retrasada, a expectativa dos analistas era de queda de 1,96%.
Apesar da nova queda, a previsão do mercado para a contração do PIB brasileiro em 2020 ainda está abaixo da divulgada pelo Banco Mundial, que estima um tombo de 5%, e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê queda de 5,3%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.
A nova redução da expectativa para o nível de atividade foi feita em meio à pandemia do novo coronavírus, que tem derrubado a economia mundial e colocado o mundo no caminho de uma recessão.
Nas últimas semanas, tanto o Ministério da Economia quanto o Banco Central também revisaram suas estimativas e passaram a prever estabilidade (sem alta, mas também sem contração) do PIB neste ano.
Em 2019, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB cresceu 1,1%. Foi o desempenho mais fraco em três anos.
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Para o próximo ano, a previsão do mercado financeiro para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) subiu de 2,70% para 3,10%.
Inflação abaixo do piso da meta
Segundo o relatório divulgado pelo BC, os analistas do mercado financeiro reduziram a estimativa de inflação para 2020 de 2,52% para 2,23%. Foi a sexta redução seguida do indicador.
A expectativa de inflação do mercado para este ano segue abaixo da meta central, de 4%. Com a nova revisão, passou a ficar abaixo também do piso do sistema de metas - que é de 2,5% neste ano.
Pela regra vigente, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 5,5% sem que a meta seja formalmente descumprida. Quando a meta não é cumprida, o BC tem de escrever uma carta pública explicando as razões.
A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic).
Para 2021, o mercado financeiro baixou de 3,50% para 3,40% sua previsão de inflação.
No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,75% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2,25% a 5,25%.
Outras estimativas
Taxa de juros: o mercado financeiro já previa uma queda da taxa Selic, atualmente em 3,75% ao ano, para 3,25% ao ano no começo de maio. Na semana passada, os analistas passaram a estimar, também, um novo corte em meados de junho, para 3% ao ano (novo piso histórico, se confirmado) - patamar no qual fecharia 2020. Para o fim de 2021, a expectativa do mercado permaneceu em 4,50% ao ano. Isso quer dizer que os analistas seguem estimando alta dos juros no ano que vem.
Dólar: a projeção para a taxa de câmbio no fim de 2020 subiu de R$ 4,60 para R$ 4,80 por dólar. Para o fechamento de 2021, subiu de R$ 4,47 por dólar para R$ 4,50 por dólar.
Balança comercial: para o saldo da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações), a projeção em 2020 subiu de US$ 35 bilhões para US$ 36,10 bilhões de resultado positivo. Para o ano que vem, a estimativa dos especialistas do mercado avançou de US$ 35 bilhões para US$ 35,60 bilhões.
Investimento estrangeiro: a previsão do relatório para a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil, em 2020, recuou de US$ 73 bilhões para US$ 71 bilhões. Para 2021, a estimativa dos analistas permaneceu em US$ 80 bilhões.
Fonte: G1