A taxa de desemprego no Brasil ficou em 12,2% no 1º trimestre, atingindo 12,9 milhões de pessoas, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua) divulgada nesta quinta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado representa uma alta de 1,3 ponto percentual (p.p) na comparação com o último trimestre de 2019 (11%). Dessa forma, o número de pessoas na fila por um emprego aumentou em 1,2 milhão em 3 meses, em meio aos primeiros impactos da pandemia de coronavírus na atividade econômica e no mercado de trabalho.
Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, entretanto, houve queda de 0,5 ponto percentual.
Trata-se da maior taxa de desemprego e o primeiro resultado acima de 12% desde o trimestre encerrado em maio do ano passado. Veja gráfico abaixo:
População ocupada tem queda recorde
Já a população ocupada recuou para 92,2 milhões, o que representa uma queda de 2,5% em relação ao trimestre anterior (2,3 milhões de pessoas a menos).
Segundo o IBGE, foi o maior recuo de toda a série histórica e refletiu nos serviços domésticos (-6,1%), que também apresentou a maior queda da série. O recuo de 7% no emprego sem carteira assinada do setor privado também foi recorde. Emprego com carteira e trabalho por conta própria sem CNPJ também caíram no 1º trimestre.
A analista avaliou, porém, que ainda é cedo para avaliar a dimensão do impacto da pandemia da Covid-19 na taxa de desemprego do país. "Grande parte do trimestre ainda está fora desse cenário. Não posso ponderar se o impacto da pandemia foi grande ou pequeno, até porque falamos de um trimestre com movimentos sazonais, mas de fato para algumas atividades ele foi mais intenso", afirmou.
Recorde de pessoas fora da força de trabalho
A população fora da força de trabalho chegou a 67,3 milhões, patamar recorde desde o início da pesquisa, no primeiro trimestre de 2012, com alta de 2,8% (mais 1,8 milhão de pessoas) em relação ao trimestre anterior e de 3,1% (mais 2,0 milhões de pessoas) em relação ao mesmo período de 2019.
Neste grupo estão as pessoas que não procuram trabalho, mas que não se enquadram no desalento (pessoas que desistiram de procurar emprego).
Os desalentados somaram 4,8 milhões no trimestre encerrado em março, quadro estatisticamente estável em relação ao trimestre móvel anterior e ao mesmo período do ano passado.
27,6 milhões de subutilizados
Já a população subutilizada atingiu 27,6 milhões de pessoas, aumento de 5,6% (mais 1,5 milhão de pessoas) frente ao trimestre móvel anterior (26,2 milhões), embora tenha recuado 2,5% (menos 704 mil pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2019.
A taxa de subutilização da força de trabalho subiu para 24,4%, ante 23% no trimestre encerrado em dezembro.
Taxa de informalidade fica em 39,9%
A taxa de informalidade atingiu 39,9% da população ocupada, representando um contingente de 36,8 milhões de trabalhadores informais. No trimestre móvel anterior, essa taxa havia sido 41% e no mesmo trimestre do ano anterior, 40,8%.
Nesse grupo estão os trabalhadores sem carteira, trabalhadores domésticos sem carteira, empregadores sem CNPJ, os conta própria sem CNPJ e trabalhadores familiares auxiliares.
Emprego formal e informal têm queda
O número de empregados sem carteira assinada caiu 7%, atingindo 11 milhões de pessoas menos 832 mil) em relação ao trimestre móvel anterior e ficou estável ante o 1º trimestre de 2019.
Já o contingente de empregados com carteira de trabalho assinada caiu 1,7% em relação ao trimestre anterior, reunindo 33,1 milhões (menos 572 mil pessoas). Contra o mesmo trimestre do ano passado, ficou estável.
Já a categoria dos trabalhadores por conta própria caiu para 24,2 milhões de pessoas, com recuo de 1,6% (menos 398 mil pessoas) em relação ao 4º trimestre. Já em relação ao mesmo período de 2019, houve alta de 1,7% (mais 409 mil pessoas).
O número de empregadores (4,4 milhões de pessoas) ficou estável nas duas comparações.
Já a categoria dos empregados no setor público (11,7 milhões de pessoas), que inclui servidores estatutários e militares, ficou estável frente ao trimestre anterior e aumentou 2,6% (mais 290 mil pessoas) em relação ao mesmo trimestre de 2019.
Desemprego aumento em praticamente todos os setores
Houve redução da população ocupada em praticamente todas as atividades, com destaque para indústria (2,6%), construção (6,5%), comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (3,5%), alojamento e alimentação (5,4%), outros serviços (4,1%) e serviços domésticos (5,9%).
O único ramo de atividade a registrar alta de número de ocupados foi o de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias e administrativas, com aumento de 0,5%.
Massa de rendimentos cai
O rendimento médio real habitual do trabalhador foi de R$ 2.398, o que representa estabilidade frente ao trimestre anterior e ao mesmo período do ano passado.
Já a massa total de rendimentos dos trabalhadores teve queda de 1,3% (menos R$ 2,9 bilhões) ante o 4º trimestre, somando R$ 216,3 bilhões, e ficou estável em relação aos 3 primeiros meses de 2019.
Pesquisa foi feita por telefone
Em função da pandemia, o IBGE interrompeu a coleta presencial de todas as pesquisas da Instituição no dia 17 de março de 2020. Desde então, foi instituído um plano de contingência para manter a realização da coleta das informações das pesquisas por telefone.
"A taxa de resposta da PNAD Contínua em março de 2020 foi de 61,3% (em janeiro foi de 88,4% e fevereiro 87,9%). Frente a essa performance, foram feitas análises sobre os impactos na taxa de desocupação e rendimento médio habitual, em que não se observou aumento significativo nos coeficientes de variação, tornando viável a divulgação dos dados do primeiro trimestre de 2020", informou o IBGE.
Fonte: G1