Em meio à crise econômica e ao avanço da pandemia de coronavírus no Brasil, três em cada quatro brasileiros já reduziram os gastos pessoais nos últimos dois meses. Por trás do aperto nos cintos estão motivos como insegurança, perda de renda ou dificuldade de circulação com o isolamento social.
A constatação é de um estudo inédito da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), encomendado ao instituto de pesquisas FSB e com 2.005 entrevistas por telefone realizadas entre 2 e 4 de maio nos 26 estados e no Distrito Federal.
A pesquisa revelou um pessimismo generalizado para as compras após o isolamento social para quem pode ficar em casa. Numa lista de 15 categorias, em apenas duas a maioria dos entrevistados relatou estar gastando mais que antes da crise: produtos de limpeza (68% do total) e higiene pessoal (56%).
Nas demais, a maioria dos entrevistados manteve ou reduziu o nível de compras pré-pandemia. As maiores quedas foram nas categorias de calçados (40% reduziram os gastos), roupas (37%) e cosméticos (32%).
Entre as razões para a redução nos gastos estão insegurança sobre o futuro (42% dos entrevistados), perda na renda com a pandemia (30%) e pelas restrições de circulação implantadas por autoridades Brasil afora (26%).
Sobre a duração do aperto nos cintos, 69% dos entrevistados espera ser temporária. Para 29%, a economia veio para ficar.
Mesmo após o isolamento social, a maioria dos brasileiros deve evitar gastos com bens de consumo como motos (79% não pretende comprar em momento algum), bicicletas (76%), computadores (67%) e carros (65%).
Ao mesmo tempo, a maioria dos entrevistados relatou vontade de renovar o visual quando a pandemia passar: 70% devem comprar roupas e 66% calçados em até 12 meses após o fim das regras de isolamento social.
Preocupação
Os brasileiros estão estão cada vez mais preocupados com a pandemia. Oito entre dez entrevistados consideram grave a situação da pandemia no Brasil. Há um mês, numa pesquisa também encomendada pela CNI, 64% diziam que a situação era grave. Para 74% dos entrevistados as mortes por Covid-19 devem aumentar nos próximos 15 dias.
Em relação à economia brasileira, 88% dos entrevistados disse que o impacto será grande. Para apenas 3% a pandemia terá pouca ou nenhuma repercussão.
Entre os entrevistados que trabalham, 48% relatou ter muito medo de perder o emprego. Questionados sobre o patamar de renda nos próximos meses, 36% espera receber normalmente os salários. Para 23% já houve perda total da renda. Outros 17% tiveram quedas nos rendimentos.
Aprovação ao isolamento
A pesquisa revelou ainda um apoio amplo às medidas de isolamento social: 86% dos entrevistados estão a favor; 11% são contra.
Apesar da aprovação elevada, a fatia da população que está saindo de casa apenas para tarefas essenciais é menor: 58%. Outros 26% estão saindo com alguma frequência, mas adotando os cuidados necessários. Uma minoria (9%) disse estar em isolamento completo, sem sair de casa. A pandemia não alterou em nada a rotina para 7% dos entrevistados.
Fonte: O Globo