A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) em Belo Horizonte atingiu 75,6 pontos em maio. O número representa uma queda de 17,4 pontos percentuais (p.p.) em comparação com abril (93 pontos). Esse é o segundo resultado mensal negativo seguido e reflete os impactos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) sobre a economia da capital mineira.
O IFC é elaborado todos os meses pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG). A entidade utiliza os dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Ao ficar abaixo da linha dos 100 pontos, revela o sentimento de pessimismo dos consumidores.
Conforme destaca a analista de pesquisa da Fecomércio MG, Letícia Marrara, o resultado do mês de maio foi influenciado negativamente por todos os itens que são abrangidos pelo IFC.
O componente emprego atual, por exemplo, atingiu os 96 pontos em maio. Em abril, os dados registravam 116 pontos.
A perspectiva profissional também revelou uma queda vertiginosa ao sair dos 103 pontos em abril para 82,5 no mês passado.
Já o item renda atual passou de 108,1 pontos em abril para 88,9 pontos em maio. O acesso ao crédito, que registrou 94,3 pontos em abril, chegou a 77 pontos em maio.
Também apresentaram queda o nível de consumo (de 66,4 pontos para 54,5 pontos), perspectiva de consumo (99,7 pontos para 84,7 pontos) e intenção de consumo de bens duráveis (de 63,7 para 46).
Retomada do comércio
Belo Horizonte vive hoje, e até agora, uma retomada gradual das atividades comerciais. Alguns estabelecimentos tiveram permissão para reabrirem as portas no último dia 25 de maio. É o caso, por exemplo, dos shoppings populares, lojas de produtos de perfumaria e higiene pessoal, tecidos e armarinhos, entre outros.
No entanto, embora a retomada tenha sido bastante desejada, os dados do IFC mostram que, mesmo com os negócios abertos, um retorno à normalidade das vendas pode demorar a acontecer, conforme destaca Letícia Marrara.
“Milhares de postos de trabalho já foram perdidos em Belo Horizonte, o que diminui a renda das pessoas. Diante disso, o consumo tem sido menor e muitos têm comprado somente os itens essenciais, como os de supermercados e de farmácias. O comércio envolve toda uma cadeia. A retomada deverá ser gradual e lenta”, avalia a analista de pesquisa da Fecomércio MG.
Esse cenário, aliás, é muito diferente daquele verificado no começo deste ano, como ressalta Letícia Marrara. “Os índices estavam só aumentando. No entanto, veio esse fator incontrolável, a crise causada por um vírus, o que tem ocasionado todas essas quedas nos dados”, afirma ela.
Porém, mesmo diante desse quadro, é possível pensar em ações para tentar revertê-lo, como pontua a analista da Fecomércio MG.
“O empresário pode, neste momento, como opção para tentar alavancar as vendas, fazer promoções com um mix de produtos mais baratos, por exemplo. É importante focar em ações para atrair os clientes agora”, diz.
Fonte: Diário do Comércio