Com as lojas da Baixada Santista voltando a abrir as portas e a flexibilização gradual das atividades saindo do papel, a região levará entre 18 e 24 meses para recuperar o fôlego, encontrar o caminho da retomada da Economia e o nível de empregos da fase pré-pandemia do novo coronavírus. Os prazos foram estimados para A Tribuna por economistas e lideranças de alguns dos setores mais importantes do cenário econômico do Litoral Paulista. “Este ano está perdido e a retomada começa no ano que vem, devendo se completar até o final de 2021”, avalia o presidente do Sindicato do Comércio Varejista da Baixada Santista, Omar Abdul Assaf.
O presidente da Associação Comercial de São Vicente, Alcides Antoneli, também acredita que, antes de um ano e meio, dificilmente o comércio terá condições de apresentar bons resultados, incluindo as contratações. “É um prazo longo. A retomada será gradual. Daqui a um ano ainda sofreremos com essa parada indevida até chegar um nível satisfatório. Mas não será como antes”. Segundo Assaf, iniciar o processo de reabertura é fundamental para a sobrevivência das empresas e da Economia como um todo. “As pessoas precisam trabalhar, ganhar alguma coisa. À medida que ganham um centavo, elas vão consumir e fazem a máquina girar”.
Para que isso aconteça, representantes de entidades ligadas ao comércio apostam as fichas nas datas sazonais que ocorrerão até o fim do ano, como Dia dos Pais, Dia das Crianças, Natal e, principalmente, na próxima temporada de verão. “É importante que a gente se prepare para uma temporada boa, a partir do final do ano. Há expectativa também, com essa proibição de sair para fora - ninguém vai para China, Estados Unidos e Europa -, que as pessoas irão descer para Baixada Santista. É importante que venham, que consumam. Nós dependemos disso”, acrescenta Omar.
O presidente da Associação Comercial de Santos (ACS), Mauro Sammarco, segue na mesma linha. “Com certeza, mesmo que sejamoportunidades sazonais, são importantes. É sempre um estímulo, movimenta a Cidade, envolve as pessoas”.
CUIDADOS
Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Governo Federal, as nove cidades da região perderam, somadas, quase 9,5 mil postos de trabalho só entre março e abril, o que já dá uma dimensão dos efeitos da pandemia na economia regional. Por isso, a retomada está sendo vista como um recomeço, mas requererá muitos cuidados. “Tudo terá que ser feito com muita responsabilidade para não comprometer o processo e provocar até um retrocesso. Será um momento que exigirá grande consciência da sociedade”, analisa o presidente da ACS.
O economista Jorge ManuelFerreira também concorda e diz que o cenário atualmente ainda é muito nebuloso, principalmente por conta da imprevisibilidade que cerca a covid-19 e seus efeitos. “Ainda não dá para saber como a economia vai se comportar nem como a doença irá evoluir. Então, se houver uma segunda onda de contágios, como muitos têm dito, pode ocorrer novo fechamento das empresas”. Em qualquer situação, no entanto, ele afirma que retomada sempre é muito lenta. “Acho que vai levar um pouco mais de um ano para retomar economia e empregos. Tudo dependerá de como vai se comportar a pandemia, do sucesso dessa volta e da conscientização das pessoas”.
Fonte: A Tribuna