O comércio mundial registrará um retrocesso histórico de 18,5% no segundo trimestre do ano, devido à pandemia do novo coronavírus, mas a queda no ano será menos grave do que o esperado graças à "reação rápida dos governos", anunciou a Organização Mundial do Comércio (OMC) nesta terça-feira (23).
"O colapso do comércio que assistimos atualmente atinge níveis históricos. De fato é o mais pronunciado do qual temos conhecimento", disse o diretor geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, citado em um comunicado.
"Mas há um importante aspecto positivo neste fenômeno, o de que poderia ter sido muito pior (...) mas não podemos nos permitir o luxo de cair na complacência", completou.
A OMC continua projetando um tombo no comércio global em 2020, mas avalia agora como "improvável" que a queda atinja o pior cenário projetado em abril, quando estimou uma retração de até 32%, e de, no mínimo, 13%, no melhor dos cenários.
"Na situação atual, o comércio só precisaria crescer 2,5% ao trimestre pelo restante do ano para atender à projeção otimista", apontou a organização, embora isso ainda seja pior do que no auge da crise financeira em 2009, quando o comércio recuou 12,5%.
De acordo com as estatísticas da OMC, o volume de comércio de mercadorias caiu a um ritmo de 3% em ritmo anual no primeiro trimestre. As estimativas iniciais para o segundo trimestre, durante o qual o vírus e as medidas de confinamento vinculadas afetaram grande parte da população mundial, apontam uma redução em ritmo anual de 18,5%.
De acordo com Azevêdo, as decisões políticas foram "decisivas para amortecer o impacto sofrido pela produção e o comércio, e estas decisões continuarão sendo importantes para determinar o ritmo da recuperação econômica". A OMC não estabeleceu, entretanto, novas projeções para 2020 e 2021.
"Para que a produção e o comércio se recuperem com força em 2021, as políticas fiscal, monetária e comercial deverão manter o estímulo conjunto na mesma direção", alertou.
A OMC projeta uma queda de 2,5% no PIB global em 2020, podendo chegar a uma retração de 8,8% no pior dos cenários.
Fonte: G1