FMI melhora projeção e prevê recuo de 5,8% para economia brasileira

Leia em 3min

A previsão de contração da economia brasileira neste ano passou de 9,1% pra 5,8%, divulgou ontem (5) o Fundo Monetário Internacional (FMI). Para 2021, o órgão prevê crescimento de 2,8%. A melhoria nas projeções consta do informe periódico Artigo 4, publicação do fundo com informações sobre a economia brasileira. O documento traz elogios ao governo brasileiro, especialmente a programas de sustentação da renda como o auxílio emergencial, mas adverte para riscos na administração da dívida pública, especialmente se o teto federal de gastos for abolido.

 

Segundo o relatório, o pagamento do auxílio emergencial para cerca de um terço da população brasileira e outros programas de estímulo ajudaram a evitar uma queda mais abrupta da economia após a pandemia do novo coronavírus. "Uma resposta enérgica evitou uma recessão mais profunda, estabilizou os mercados financeiros e amorteceu os efeitos da pandemia nos mais pobres e vulneráveis", destacou o texto.

 

Riscos


Apesar da aprovação à resposta das autoridades brasileiras perante a crise, o FMI destacou que considera "altos e multifacetados" os riscos para a economia do país. Entre os perigos listados, está uma segunda onda da pandemia, os impactos sociais do prolongamento da recessão e a perda de confiança dos investidores por causa dos altos níveis da dívida pública brasileira.

 

Nas estimativas do FMI, a dívida pública brasileira encerrará o ano em torno de 100% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e dos serviços produzidos) e permanecerá em níveis semelhantes no médio prazo. O relatório destacou que a curva de juros do país está bastante inclinada, com os juros de longo prazo em níveis altos, sem caírem significativamente mesmo com a taxa Selic (juros básicos de curto prazo) no menor nível da história.

 

Teto de gastos


No médio prazo, segundo o fundo, são necessárias reformas estruturais que reduzam os gastos públicos e aumente a produtividade para reduzir os juros de longo prazo e diminuir os riscos de que a dívida pública brasileira saia do controle. O relatório aconselhou o governo brasileiro a manter a regra do teto de gastos (que limita o crescimento das despesas federais à inflação) para impedir a deterioração da confiança dos investidores no país e a elevação dos juros.

 

Mesmo com os riscos, o relatório destacou que o Brasil tem vantagens em relação a outros países emergentes. Além de o país ter grandes volumes de reservas internacionais e um sistema bancário sólido, o FMI ressaltou o baixo nível de endividamento externo do país, o que impede a explosão da dívida pública por causa da alta do dólar.

 

Recuperação lenta


Em relação aos juros de curto prazo, o FMI informou que o Banco Central brasileiro tem condições de reduzir ainda mais a taxa Selic, atualmente em 2% ao ano, caso a inflação continue baixa após os programas de estímulos fiscais durante a pandemia serem retirados no próximo ano. "A política monetária vai levar toda a carga de sustentar a economia", informou o relatório.

 

Apesar da recuperação recente de diversos indicadores do comércio e da indústria a níveis anteriores ao início da pandemia, o FMI adverte que levará tempo para que a economia e a renda se recuperem. "Apesar de alguns indicadores recentes serem animadores e as autoridades esperarem uma forte recuperação no ano que vem, pode levar tempo para que o emprego, a renda e a pobreza voltem aos níveis pré-covid-19", destacou o documento.

 

 

Fonte: Agência Brasil

 


Veja também

Ipea aponta avanço de 3,4% em investimentos em julho

Levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra avanço de 3,4% em invest...

Veja mais
Inflação para família com renda mais baixa sobe para 0,89% em setembro

O Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), que mede a variação da cesta de compra...

Veja mais
Reforma tributária tem potencial para elevar investimentos em até 25% em 15 anos, diz estudo

Em compasso de espera no Congresso, a reforma tributária, que prevê a simplificação do sistem...

Veja mais
Mercado financeiro aumenta projeção da inflação para 2,12%

A previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA - a inf...

Veja mais
Publicada lei que destina R$ 20 bilhões para empréstimos a empresas

O presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre, promulgou a lei nº 14.068/2020, que abre crédit...

Veja mais
IBGE: produção industrial avança 3,2% em agosto

A produção da indústria nacional cresceu pelo quarto mês seguido e registrou alta de 3,2% em ...

Veja mais
Mercado de trabalho registra estabilidade na 2ª semana de setembro

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou hoje (2) mais uma edição da Pesqu...

Veja mais
BNDES inicia operações de crédito do Peac Maquininhas

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) iniciou as operações do Programa Espe...

Veja mais
São Paulo registra recorde de abertura de empresas

O estado de São Paulo registrou em setembro um recorde histórico de abertura de empresas. Segundo a Junta ...

Veja mais