A maioria das pessoas da classe C se autoclassifica como pobre. É o que revela estudo do Instituto Análise, que mapeou os hábitos de consumo de pessoas com diferentes faixas de renda, entre março e maio deste ano.
"Quando se considera a renda recebida, a classe C é a classe média. Mas ela se considera pobre", afirma Alberto Carlos de Almeida, diretor do Instituto Análise.
A renda familiar média das pessoas da classe C é de R$ 1.209, segundo a pesquisa. As famílias da classe A/B recebem, em média, R$ 2.660.
Segundo Almeida, a população que pertence à classe C se acha pobre por fatores socioeconômicos, como escolaridade e inserção no mercado de trabalho.
Enquanto na classe A/B, apenas 28% das pessoas não têm curso superior, na classe C apenas 5% têm diploma de graduação. A grande maioria (64%) não concluiu sequer o ensino médio.
Se o grau de escolaridade ainda é diferente entre as classes sociais, os objetos de desejo são muito semelhantes. Automóveis, TVs de LCD, computadores e imóveis estão entre os principais bens que a população, de qualquer classe social, já consome ou quer comprar, segundo dados da pesquisa.
"A classe C quer o que a classe A já tem. O que diferencia as duas é que falta renda para a classe C comprar alguns desses produtos", afirma Almeida.
Segundo o estudo do Instituto Análise, hoje 44% das pessoas da classe C estão endividadas, ante 40% da classe A/B. O tipo de financiamento contratado, no entanto, é diferente.
Cerca de 75% dos consumidores de menor poder aquisitivo que têm dívidas pagam prestações em loja e apenas 25% contraíram empréstimo bancário. Na classe A/B, 42% das dívidas são com os bancos.
"As lojas hoje são os bancos da classe C. É uma forma desburocratizada de obter crédito", diz Almeida.
Veículo: Folha de S.Paulo