O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avalia que o atual patamar de juro é apropriado, por contribuir para a manutenção da inflação nas metas e para uma recuperação não inflacionária da economia, segundo a ata de sua última reunião, divulgada na quinta-feira.
"O Comitê avalia que esse patamar de taxa básica de juros é consistente com um cenário inflacionário benigno, contribuindo para assegurar a manutenção da inflação na trajetória de metas ao longo do horizonte relevante e para a recuperação não inflacionária da atividade econômica", afirmou a ata.
Segundo analistas, o documento reforça a visão do BC, expressa no comunicado pós-reunião, a visão de que a Selic ficará estável por algum tempo. Na reunião da semana passada, o BC manteve a Selic em 8,75% ao ano. O professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) José Márcio Camargo, alerta, porém, para o tom um pouco mais conservador da ata, em relação ao documento relativo à reunião do BC em setembro. Assim, ele não descarta a possibilidade de uma elevação dos juros já em fevereiro.
"A inflação não preocupa hoje, mas não podemos garantir que ficará sob controle no médio prazo. Portanto, preparem-se. Pode ser que os juros aumentem a partir de fevereiro. O Banco Central deve subir os juros de dois a três pontos percentuais no próximo ano", analisou o acadêmico, para quem as doses de aumento da Selic devem ser graduais, ao longo de 2010.
Para o Copom, a acomodação da demanda em meio à crise mundial pode estar sendo superada, mas ainda existe uma "sensível margem de ociosidade dos fatores de produção, que não deve ser eliminada rapidamente em um cenário básico de recuperação gradual da atividade econômica". "Nesse quadro de retomada gradativa, que tem sido corroborado pelos dados disponíveis até o momento, as pressões inflacionárias devem seguir contidas."
Inflação. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que tal conjunto de ações deve evitar que o País registre uma retração próxima a 2,5 pontos percentuais do PIB neste ano. "Os efeitos desses estímulos devem ser cuidadosamente monitorados ao longo do tempo e são parte importante do contexto no qual decisões futuras de política monetária, que devem assegurar a manutenção da convergência da inflação para a trajetória de metas ao longo do horizonte relevante, serão tomadas", destaca o texto produzido pelo Banco Central.
Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin, vê o início de um ciclo de aperto em abril de 2010. "Apesar de ele ter sido mais enfático na questão da recuperação da demanda, o Copom não cita nenhum fator grande de risco inflacionário", diz. Ele ressalta que as expectativas seguem alinhadas à meta. "O recado é esse: a economia está dando sinais de recuperação, sem riscos inflacionários", afirmou.
Flávio Serrano, economista sênior do BES Investimento, traça um cenário mais longo. A previsão oficial dele é de alta apenas em 2011, mas admite que há a possibilidade de uma elevação da Selic nos próximos seis meses. "O Copom diz que o juro atual é compatível com uma recuperação não inflacionária, e com isso temos a ideia de que a taxa de juros vai ficar estável por um bom tempo", afirmou Serrano.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ